domingo, 5 de fevereiro de 2012

REINO UNIDO X ARGENTINA


Príncipe William inicia missão de seis semanas nas Ilhas Malvinas


Chegada do neto de Elizabeth II é descrita por Argentina como 'provocação'.
Operação foi anunciada na quinta-feira pelo Ministério da Defesa britânico.


O príncipe William, neto da rainha Elizabeth II, chegou às Malvinas para uma missão de seis semanas como piloto da Royal Air Force (RAF) britânica, considerado pela Argentina um "ato de provocação", em meio a uma escalada da tensão bilateral pela soberania do arquipélago.
A missão, anunciada nesta quinta-feira pelo Ministério da Defesa, começa exatamente dois meses antes do 30º aniversário do início da breve, mas violenta guerra entre os dois países por essas ilhas do Atlântico Sul.
"O Ministério da Defesa pode confirmar que o tenente de aviação Wales (como o príncipe é conhecido na Força Aérea Real) chegou às ilhas Falkland (denominação britânica das Malvinas) em uma operação de rotina", anunciou o comunicado oficial.
O segundo na linha de sucessão à Coroa começará a trabalhar "em breve", uma vez que tiver recebido instruções e participado em um "voo de familiarização", informou o ministério. A missão faz parte de seu trabalho e da sua carreira como piloto de busca e resgate da RAF, que o príncipe, de 29 anos, desempenhou desde o fim de 2010 em Anglesey, no norte d País de Gales.
Ao ficar sabendo da chegada do príncipe em breve, o governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, emitiu na terça-feira um comunicado lamentando que "o herdeiro real chegue a solo pátrio com o uniforme de conquistador e não com a sabedoria do estadista que trabalha a serviço da paz e do diálogo entre as nações".
O príncipe, que partiu em um avião da RAF com outros três companheiros, permanecerá baseado próximo ao aeroporto militar de Mount Pleasant, a cerca de 45 minutos da capital, Porto Stanley (ou Porto Argentino, segundo a denominação argentina), segundo informações da imprensa. A base conta com dois helicópteros Sea King, disponíveis 24 horas do dia para operações de busca e resgate.
A chegada de William às Malvinas corre o risco de aprofundar ainda mais a escalada verbal mantida por Londres e Buenos Aires desde a decisão do Mercosul de proibir em dezembro a entrada em seus portos de navios com bandeira do arquipélago, em solidariedade à reivindicação argentina.
O anúncio nesta semana de que o Reino Unido enviará em breve um moderno destroyer às Malvinas para substituir a fragata que patrulha atualmente à região alimentou a tensão e foi denunciado por Buenos Aires como uma tentativa de "militarizar o conflito".
A Argentina exige a abertura de negociações bilaterais sobre a soberania das ilhas, sob dominação britânica desde 1833, em cumprimento do que a ONU pede desde 1965, mas Londres insiste no direito de autodeterminação dos cerca de 3 mil habitantes da ilha, que se sentem majoritariamente britânicos.
Com esta missão, William segue os passos de seu tio Andrew, que pilotou helicópteros de busca e resgate durante a guerra das Malvinas. O conflito de 74 dias, que começou em 2 de abril de 1982, custou a vida de 255 britâncios e 649 argentinos e terminou em 14 de junho com a rendição das tropas da nação sul-americana.
Conforme o regulamento da RAF, o príncipe não viajou acompanhado de sua mulher, Kate, com quem se casou em 29 de abril, e não cumprirá "nenhum papel cerimonial" durante sua estadia nas ilhas, localizadas a cerca de 600 km da Patagônia argentina e quase 13.000 de Londres.

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