Acidentes de trânsito podem causar múltiplos traumas em
órgãos vitais
Esse é o caso do cantor
Pedro, que bateu carro em Goiás no dia 20.
Entenda como funciona uma UTI e para que serve a hemodiálise.
Acidentes
de trânsito podem provocar inúmeros traumatismos, fraturas ósseas e problemas
em órgãos vitais, como cérebro, coração e pulmões. Esse é o caso do cantor
Pedro Leonardo, que capotou o carro em Goiás há uma semana, quando voltava de
um show, e está internado desde quinta-feira (26) no Hospital Sírio-Libanês, em
São Paulo.
Para explicar por que acidentes de veículos podem ser tão
graves, a importância de usar sempre o cinto de segurança – inclusive no banco
de trás – e o que fazer diante de uma vítima, o Bem Estar desta sexta (27)
convidou o chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Sírio-Libanês,
Guilherme Schettino, e a consultora Ana
Escobar.
O alerta vale também para esta véspera de feriado, quando
milhões de brasileiros pegam as estradas do país inteiro.

Como
funciona a UTI
A UTI é o centro médico para onde são enviados pacientes muito graves, como os
que têm múltiplas fraturas e principalmente problemas cerebrais. Quando uma
pessoa sofre um acidente grave, o organismo fica muito abalado, muitas vezes em
pré-óbito, e pode ocorrer insuficiência de vários órgãos.
Os aparelhos da UTI são usados para desempenhar as funções que
os órgãos como coração e pulmões não conseguem. Os batimentos cardíacos, a
pressão arterial e a temperatura do corpo são monitorados.
Além
disso, um aparelho é colocado na traqueia da vítima para ventilar os pulmões, e
também há controle da pressão do ar jogado nos pulmões. O paciente recebe
alguns medicamentos para abrir e fechar os vasos (vasodilatação) e para manter
a oxigenação do sangue e, consequentemente, das partes nobres do corpo, como
coração e cérebro.
Na UTI, a alimentação é feita pela veia e chamada de nutrição
parenteral, uma solução que contém proteínas e aminoácidos. Em alguns casos,
também é colocada gordura. Para hidratar o corpo, a pessoa recebe um soro com
sódio, potássio e glicose.
Múltiplos
traumas e socorro à vítima
Traumatismos como o de Pedro atingem mais de um órgão, e a gravidade depende da quantidade e de quais partes foram comprometidas. Quanto mais jovem o paciente, maior a chance de cura. E o mais importante de tudo é preservar a atividade cerebral.
No abdômen, pode ocorrer sangramento que não se exterioriza. Com
menos sangue nas artérias, o quadro se agrava.
Além disso, inchaço no cérebro prejudica a entrada de sangue no
local. Por isso, ao atender uma pessoa com traumatismo craniano, os médicos
logo diminuem a atividade cerebral por meio de sedativos. Coloca-se um cateter,
para medir e aliviar a pressão intracraniana, e aplicam-se remédios para
regular essa pressão.
Quando há um coágulo no cérebro, é preciso abrir um pequeno
pedaço na caixa intracraniana para reduzir a pressão. A passagem permanece
aberta até a estabilização do quadro.
No socorro, também é muito importante não mexer na vítima, a não
ser que haja risco de ela se machucar ainda mais. Movimentar a pessoa pode
agravar, por exemplo, uma lesão na coluna. Acionar o Serviço Móvel de
Atendimento de Urgência (Samu), no número 192, ou o Corpo de Bombeiros (193)
deve ser o primeiro passo.
Para
que serve a hemodiálise
Os rins param de funcionar quando um indivíduo sofre um acidente com traumas e há sangramento interno. O organismo entra em choque, e o tratamento com hemodiálise é fundamental para filtrar as impurezas do sangue. Isso porque ninguém sobrevive sem o funcionamento dos rins, razão pela qual a hemodiálise é tão importante.
Quando os rins não funcionam normalmente, um cateter é colocado
numa veia grande, para puxar todo o sangue do corpo. O sangue entra num
equipamento que retira as impurezas – como ureia e creatinina – e volta limpo
para o corpo.
O tratamento é feito até que os rins do paciente voltem a
funcionar perfeitamente. Para controlar as impurezas no sangue, são feitos
diariamente exames em quem está internado na UTI.
Internação de Pedro Leonardo
Pedro foi internado no Hospital Sírio-Libanês pouco antes das 17h de quinta-feira. Segundo a assessoria do hospital, a médica Ludhmila Hajjar, coordenadora da UTI cardiológica, acompanhou o cantor na ambulância. No hospital, ele será cuidado pela equipe do médico Roberto Kalil Filho.
A viagem até a capital paulista começou às 12h35, quando ele
deixou o Instituto Ortopédico de Goiânia (IOG). O jovem foi embarcado em um
avião com UTI e fez um voo de cerca de 1h30.
Todo o traslado foi cercado de cuidados para evitar complicações
para o paciente. O avião pousou no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São
Paulo, às 15h26. Cerca de 40 minutos depois da aterrissagem, a equipe médica
concluiu a retirada da maca da aeronave e o cantor foi levado em uma ambulância
para o Sírio-Libanês.
O deslocamento da ambulância pelas ruas de São Paulo foi apoiado
pela escolta de equipes da Polícia Militar e da Companhia de Engenharia de
Tráfego (CET), que chegaram a interditar um sentido do corredor norte-sul na
saída do aeroporto. Um carro da Polícia Militar seguiu à frente do veículo com
o paciente durante todo o trajeto. No horário, por causa da chuva em algumas
regiões, a cidade estava em estado de atenção para alagamentos.
O acidente
Pedro Leonardo sofreu um acidente de carro na rodovia MGC-452 na sexta-feira (20), quando voltava de um show. O acidente foi próximo do município de Tupaciguara (MG). Ele foi inicialmente levado ao Hospital Municipal de Itumbiara, onde passou por cirurgia para conter uma hemorragia abdominal e transferido na mesma sexta para Goiânia.
O paciente ainda está em estado grave, mas respondeu
positivamente aos tratamentos desde que deu entrada no IOG. Há dois dias, as
drogas que o mantêm em coma induzido foram sendo gradativamente diminuídas.
Somente para a remoção, segundo o médicos, os medicamentos tiveram de ser
novamente aumentados.
Exames mostram a diminuição do edema cerebral e uma melhora na
condição pulmonar. Devido a uma insuficiência renal, Pedro ainda passou por
duas sessões de hemodiálise, com duração de oito horas cada, e respondeu ao
procedimento sem complicações.
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