Estudo sugere que falta de luz solar
cause miopia em crianças
Em Cingapura, 90% das
crianças têm o problema de visão.
Pesquisador recomenda três horas diárias ao ar livre.
Trocar
atividades ao ar livre por estudos e brincadeiras em ambientes fechados
explicaria porque nove entre dez jovens prestes a deixar a escola nas grandes
cidades da Ásia são míopes, afirmam os autores de um estudo publicado online
nesta quinta-feira (3).
Nem fatores genéticos, nem o aumento de atividades como a
leitura e a escrita deveriam ser culpados, sugerem os autores da pesquisa, mas
apenas a falta de exposição ao sol.
Acredita-se que a exposição aos raios solares
estimule a produção de dopamina, substância que evita que o olho cresça
alongado, distorcendo o foco de luz que entra no globo ocular.
"Está bem claro que é a luz brilhante
que estimula a liberação de dopamina que previne a miopia", explicou à AFP
o pesquisador Ian Morgan, da Universidade Nacional Australiana, a respeito das
descobertas, publicadas na revista médica "The Lancet".
Os estudantes médio de ensino básico de
Cingapura, onde nove em dez adultos são míopes, passam apenas 30 minutos ao ar
livre todos os dias. Em comparação, na Austrália, onde a prevalência de miopia
entre crianças de origem europeia é de cerca de 10%, os estudantes passam cerca
de três horas em ambientes externos.
Na Grã-Bretanha, a proporção foi de 30% a 40%
e na África, "virtualmente nenhum", em uma faixa de 2% a 3%, segundo
Morgan.
Mais do que os outros grupos, as crianças no
leste da Ásia "basicamente vão à escola, onde não vão para um ambiente
externo, vão para casa e não saem. Elas estudam e assistem à televisão",
explicam os cientistas.
Os estudantes prestes a deixar a escola com
mais incidência de miopia no mundo são encontrados em cidades de China, Taiwan,
Hong Kong, Japão, Cingapura e Coreia do Sul, onde de 80% a 90% são afetados.
Destes, 10% a 20% sofriam de alta miopia, que
pode causar cegueira.
"Grande parte do que vimos no leste da
Ásia se deve a condições ambientais e não genéticas", explicou Morgan,
contrariando uma crença disseminada há 50 anos pelo senso comum.
Intercalando as descobertas de estudos de
diferentes partes do globo, os cientistas reforçaram que ser um leitor voraz ou
um nerd não coloca ninguém em risco imediato.
"Desde que façam atividades ao ar livre,
não parece importar o quanto estudam", explicou Morgan.
"Há algumas crianças que estudam muito,
vão para fora e brincam bastante, e geralmente elas ficam bem. Aquelas que
correm o maior risco são as que estudam muito e não vão para fora",
emendou.
Segundo o cientista, as crianças que passam
de duas a três horas em ambientes externos por dia provavelmente estariam
"razoavelmente seguras". Isto poderia incluir o tempo gasto durante
brincadeiras em parques ou nas caminhadas de ida e volta da escola.
É preciso encontrar meios de fazer com que as
crianças passem mais tempo expostas à luz do sol, sem comprometer suas
atividades escolares, explicou.
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