quinta-feira, 29 de março de 2012

VULCÕES E TERREMOTOS - COMO SURGEM NA ÁREA DO PACÍFICO


Os terremotos e o anel de fogo do Pacífico


Semana passada um terremoto no México, na cidade turística de Acapulco, foi notícia em todos os telejornais. Há 15 dias foi o Japão que tremeu de novo, perto da mesma região atingida pelo tsunami há alguns anos. Na internet tem gente achando que é o sinal do fim do mundo, como se os terremotos não agitassem nosso planeta desde que ele se formou, há bilhões de anos. No caso do Japão e do México, ambos os países tem um litoral dentro do chamado "anel de fogo do Pacífico". É uma região onde as placas tectônicas colidem e que vai do sul das Américas até o Japão e as Filipinas.
Para entender como isso acontece é preciso dar uma olhada dentro do nosso planeta. Os cientistas fazem isso com a ajuda dos terremotos. As ondas sísmicas, produzidas pelos abalos, são captadas por sismógrafos e permitem fazer uma radiografia do miolo do nosso planeta. Vivemos em cima de uma enorme bola de fogo, ou mais precisamente, de rocha derretida. O que chamamos de terra firme é uma casca formada por placas de granito, que flutuam como balsas em cima deste mar de magma, ou pedra fundida em ebulição.
No meio dos oceanos, a quatro mil metros de profundidade, as placas se separam lentamente. Lava borbulha do interior, esfria e se solidifica em contato com a água gelada e vai formando uma nova crosta sólida. À medida que uma região do fundo do mar vai se expandindo, em outra região as placas colidem, uma se enfia embaixo da outra e o resultado são vulcões e terremotos.
As regiões costeiras do oceano Pacífico são assim, locais de colisão e subducção de placas tetônicas. Em frente a costa do Peru e do Chile, por exemplo, a placa de Nazca mergulha por baixo da placa da América do Sul. É por isso que tanto o Peru como o Chile enfrentam terremotos constantes e são cheios de vulcões ativos. No México, onde aconteceu o terremoto da semana passada, temos o contato da placa tectônica de Cocos com a placa do Caribe.
No Japão é a placa do Pacífico que colide com a placa norte-americana, que forma um arco sobre todo o norte do Pacífico, das ilhas Aleutas até o Japão. Recentemente várias pessoas tiveram que fugir de suas casas devido a erupção do vulcão Shinmoedake, que serviu de cenário para o filme de James Bond "Só se vive duas vezes". É outro problema de quem vive dentro do anel de fogo do Pacífico. Ele tem 452 vulcões e é lá que ficam 75% dos vulcões ativos do planeta.


Cenário do 007 o Shinmoedake faz parte do anel de fogo
Belo: Cenário do 007 o Shinmoedake faz parte do anel de fogo

Entenda

Outro fenômeno que resulta desse atrito e choque das placas da crosta terrestre são os abismos marinhos. É no oceano Pacífico que ficam os desfiladeiros mais profundos do mar. Um deles é o abismo das Marianas, com onze quilômetros de profundidade, alvo das pesquisas do cineasta James Cameron e do bilionário Richard Branson. O abismo das Marianas foi criado pela colisão da placa tectônica do Pacífico com a placa das Filipinas. E uma das coisas que os cientistas querem estudar com essas expedições submarinas é o comportamento das estruturas geológicas nessas regiões de subducção.
Mas nem toda a atividade vulcânica é o resultado da colisão de placas. Na placa do oceano Pacífico, existem "pontos quentes" onde o magma sobe em direção a superfície e abre um buraco na crosta terrestre, como se fosse um maçarico furando uma chapa de aço. O resultado é o aparecimento de um vulcão no local.
O arquipélago do Havaí, um dos destinos turísticos mais famosos do planeta, foi formado por um desses pontos quentes. A lava dos vulcões havaianos é muito fluida e se esfria ao brotar na superfície. Milhares de anos de erupções foram formando as ilhas de Maui, Molokai, Oahu e Kauai, além de outras menores. É por isso que os havaianos adoram a deusa dos vulcões, vista como uma força construtiva, já que foi do choque da lava com a água fria do mar que nasceram as ilhas onde eles vivem.
Outros pontos quentes no fundo do oceano são o lar de estranhas formas de vida, como os enormes vermes tubulares. São criaturas sem boca, anus ou aparelho digestivo, com dois metros e quarenta de comprimento, que vivem em simbiose com bactérias. E eles só sobrevivem na água quente produzida pelos vulcões submarinos. Como os havaianos, eles devem sua existência e seu lar a agitação e as erupções do nosso turbulento planeta.



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