Taxa de juro do cheque especial
pode cair para 3% ao mês
BRASÍLIA - O governo anunciará na próxima semana um conjunto de
medidas para baixar o custo do crédito no país. O Banco do Brasil vai reduzir
em 50%, em média, as taxas de juros cobradas em financiamentos concedidos a
pessoas físicas e empresas. Outros bancos públicos, como Caixa Econômica
Federal, Banco da Amazônia (Basa) e Banco do Nordeste (BNB) também vão entrar
no plano. Os objetivos são derrubar os juros para famílias e empresas,
pressionar as instituições privadas a fazerem o mesmo e, com isso, ajudar o
país a crescer os 4,5% em 2012 que a presidente Dilma Rousseff quer. Com essa
medida, o governo usa outra frente para reduzir o custo do dinheiro no país,
logo depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter deixado claro na ata
da última reunião, divulgada esta semana, que os juros só devem cair a 9%. Hoje
estão em 9,75%.
As linhas de capital de giro para o setor produtivo em geral
ficarão mais baratas. Outra novidade é a redução das taxas de cheque especial
para pessoas físicas. Em alguns casos, ela baixará de 12% para 3% ao mês.
Além disso, haverá a flexibilização das regras para a
portabilidade do crédito. Neste caso, a ideia é permitir que os clientes
bancários possam migrar de uma instituição para outra que lhes ofereça taxas
mais baratas com menos burocracia.
Entre as ações mais pontuais estão a redução do spread bancário -
a diferença entre o custo de dinheiro para o banco e quanto que ele cobra dos
clientes - para os exportadores que usam o chamado Adiantamento de Contrato de
Câmbio (ACC). Esse tipo de operação é liderada pelo BB no país.
Segundo técnicos da área econômica, a agenda de redução do spread
foi retomada no fim do ano passado, quando o governo viu a necessidade de
estimular o crescimento da economia depois da forte desaceleração provocada no
início de 2011. A ordem foi que cada instituição trabalhasse para reduzir suas
taxas o máximo possível, sem provocar desequilíbrios em seus balanços.
Um primeiro esboço foi mostrado à presidente Dilma há algumas
semanas, mas ela pediu um corte maior nos juros. Foi depois disso que o BB
decidiu cortar suas taxas pela metade.
Mantega falou com presidentes de BB e Caixa
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, para quem o spread bancário
é "absurdo", vem acompanhando de perto as medidas propostas pelos
bancos. Ele ordenou que se mudasse o plano anterior de fixar uma taxa única de
2% ao mês para a maioria dos clientes das instituições. O ministro não queria
correr o risco de aumentar os juros para algumas empresas que já conseguem
taxas mais baratas quando negociam diretamente com o gerente de suas contas.
Mantega falou diretamente com os presidentes do Banco do Brasil,
Aldemir Bendine, e da Caixa, Jorge Hereda, que tiveram reuniões para tratar do
assunto na semana passada. Depois levaram os planos das duas instituições para
Dilma dar seu aval.
Até segunda-feira, os executivos devem estar com todos os cálculos
exigidos pela presidente. Os números devem garantir ao mercado financeiro que,
mesmo com a redução do lucro das instituições em cada operação, os bancos
públicos conseguirão se equilibrar pelo aumento do número de clientes.
O pacote de redução do spread deve levar o Tesouro Nacional a
injetar recursos nos bancos públicos para que eles possam emprestar mais sem
ultrapassar os limites de capacidade de empréstimo fixados pelo Banco Central.
Outra instituição que vai receber recursos será o BNDES. Segundo técnicos do
governo, neste caso, a capitalização deve chegar a R$ 30 bilhões e será usada
para reforçar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que fornece
crédito para a compra de bens de capital e componentes; caminhões; inovação
tecnológica e engenharia; tratores e máquinas; bens de informática e
telecomunicações.
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