ONG quer
fazer apuração paralela na Rússia
MOSCOU - Depois das controversas eleições legislativas de dezembro,
que para muitos foi fraudada para minimizar a derrota do partido do
primeiro-ministro Vladimir Putin, uma ONG promete fazer uma apuração paralela
neste domingo, quando os russos vão às urnas para escolher seu novo presidente.
A ONG Golos tentará ter um representante em cada um dos colégios
eleitorais de Moscou, onde votam cerca de 7 milhões de eleitores, e em outros
10 mil pontos nas demais regiões russas. O objetivo é enviar por
SMS o
resultado de cada uma das seções antes que os votos apurados sejam transmitidos
para as chamadas comissões territoriais, que fazem o cômputo final.
- Queremos evitar que o conteúdo das atas seja alterado nas
comissões eleitorais territoriais ou a caminho delas - disse o subdiretor
adjunto da ONG, Grigori Melkonyanz.
O Ministério Público de Moscou advertiu a ONG de que divulgar
resultados durante a jornada eleitoral é contra a lei. A advertência foi
reforçada pelo presidente da Comissão Central Eleitoral, Vladimir Churov, que
para os milhares de manifestantes que foram às ruas em dezembro foi um dos
artífices de uma suposta fraude nas legislativas.
A Golos rejeitou as ameaças das autoridades eleitorais russas e
garantiu que só tornará públicos os dados quando todas as urnas do país
estiverem fechadas.
Embora as eleições de dezembro tenham representado uma derrota
para Putin, já que seu partido perdeu a maioria de dois terços na Câmara,
observadores internacionais constataram na votação e na apuração o que
qualificaram como "casos de aparente manipulação, incluindo diversas
indicações sérias de fraude".
A controvérsia gerou as maiores manifestações contra o
primeiro-ministro em seus 12 anos de hegemonia política na Rússia, abalando sua
aura de invencibilidade. Na sexta-feira, ele rejeitou o pedido de seus rivais
por uma repetição das eleições parlamentares.
Putin se tornou premier em 2008 porque a lei o proibia de disputar
um terceiro mandato presidencial consecutivo. Neste domingo, sua vitória é tida
como certa, e ele já indicou que poderá tentar a reeleição em 2018 - o que lhe
daria no total 24 anos no poder.
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