sábado, 24 de março de 2012

ERVAS DA LONGEVIDADE?


Homem de 93 anos encontrou nas ervas a receita para longevidade



Mestre Salgueiro conta os segredos das plantas de Alentejo e diz como completou nove décadas com tanta disposição.


“Se a vida queres prolongar - em boa disposição - aproveita sem hesitar os conselhos desta lição”, recita. Quem é o português que transforma em versos a experiência de quase um século de vida? E por que todos o chamam de mestre? Para conhecê-lo e descobrir essas respostas, nossa equipe cruzou Portugal em direção ao sul. Mestre Salgueiro é um feiticeiro das ervas. Ele acaba de completar 93 anos.
“Bati já o recorde dos meus pais, dessa gente toda, e tios e tudo. Nenhum chegou aos 93”, afirma o herbanário José Salgueiro. Se o mestre já viveu tanto e, com tanta saúde, vai ser um privilégio ouvir o que ele tem a dizer.
O mestre caminha quase todos os dias. “Há quase 70 anos que a minha vida é aqui”, afirma.
E a vida tem sido agitada, mesmo para quem mora em Montemor-o-Novo, uma pacata cidade do Alentejo com pouco mais de dez mil habitantes. O mestre já trabalhou no campo, foi sapateiro, dono de loja. Nesses anos todos, só não mudou a preocupação com a saúde. E é nas plantas que ele encontra o que lhe faz bem.
Nossos olhos só enxergam mato, mas o experiente mestre vê chás medicinais, um suculento prato de salada, quase uma refeição inteira na beira da estrada. E mostra um dente-de-leão.
“Quanto mais denteada for a folha, melhor é a qualidade da planta”, garante. Os barrancos cobertos de plantas são como as prateleiras de um supermercado, de uma farmácia.
O mestre encontra de tudo. E, para nossa surpresa, adivinha o que ele come todos os dias na salada: urtiga! “É contra anemia, cura anemia, é anticancerígena. Mas a raiz da urtiga também é bom em chá para os homens que têm a próstata alterada”, explica.
“Quer dizer, eu tenho a volta de 10 ou 15 plantas silvestres que eu como. Um homem que chegou aos 93 bem-humorado e inspirado. 'Não comas só farináceos. Come hortaliças também. Até os próprios galináceos alimentam-se muito bem'”, recita.
A disposição do homem é impressionante! Ele leva a equipe para conhecer o castelo de Montemor-o-Novo, que fica bem no alto da colina.
O mestre nos ensina coisas que vão além das ervas. Nas ruínas, ele nos ajuda a enxergar séculos de invasões, guerras e glórias.
As lembranças desse Portugal antigo se espalham pelo Alentejo. Uma região que ocupa quase um terço do território português, mas tem apenas 500 mil habitantes.
De tempos ainda mais remotos, são os misteriosos monumentos de pedra deixados pelos homens da pré-história. E para os homens de hoje, os monges franciscanos deixaram uma mensagem mais clara: uma igreja construída com ossos humanos, para que ninguém esqueça que o fim chega para todos.
Os moradores do Alentejo são famosos pelo sossego, pela calma. Dizem que na região nada muda, nem a paisagem. Que injustiça! Muda sim. Uma casa, por exemplo, foi reformada... em 1890.
Mas vamos voltar para o Mestre Salgueiro que, nós, sim, estamos com pressa para conhecer os segredos dele, que lê qualquer coisa sem usar óculos. “O óleo de fígado do bacalhau e o sumo de cenoura ajudam e fortalecem a vista. Muita gente se tomasse isso, os óculos iam fora. Não uso óculos por causa disso, não necessito, mesmo a letra pequenina”, garante.
Dizem que hoje Portugal está em crise, mas o Mestre Salgueiro não acredita. Não é teimosia, não. É sabedoria de quem nasceu em tempos bem piores, na miséria. Mas ele soube aproveitar os presentes que a natureza oferece e adora repartir com os outros as lições que ainda aprende todos os dias.
“Quanto mais nós comermos de verdura, mais fino nosso sangue anda e percorre as veias com mais alegria”, afirma.
“São estes os principais conselhos que te vou dar não tenho tempo para mais por isso vou terminar”, recita.

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