sábado, 24 de março de 2012

O AZEITE E O CORAÇÃO


Azeite pode ajudar na prevenção de AVC e ataques cardíacos



Testes mostram que o fruto da oliveira traz benefícios para o coração e para o cérebro. Cientistas acreditam que no futuro será possível produzir azeites medicinais.


Uma amiga portuguesa. Uma não, um milhão de amigas. Cada azeitona é uma gotinha de saúde. Juntas, são uma chuva de benefícios para o nosso coração e para o nosso cérebro.
O fruto da oliveira carrega os segredos de sobrevivência e uma árvore que há milhares de anos é símbolo de força e juventude.
No inverno, a oliveira enfrenta geadas e temperaturas abaixo de zero, e um calor acima de 40°C no verão. Para resistir a tudo isso ela produz os polifenóis, os antioxidantes. Essa mesma proteção que a árvore cria pra ela, é a que protege a nossa saúde quando nós consumimos o que a oliveira produz.
O repórter prova uma azeitona direto do pé e diz que o fruto amargo mesmo para quem gosta de tudo! E sugere que o consumo seja feito depois dela ser triturada e transformada em azeite, um óleo do bem que enche o organismo de antioxidantes.
A novidade que os portugueses querem mostrar para o mundo é que nem todos os antioxidantes das oliveiras são iguais. Alguns são muito mais poderosos que outros.
Nos laboratórios da Universidade do Porto, a equipe da professora Fátima descobriu um desses superantioxidantes. Um composto que age para tentar impedir a formação das placas que entopem nossas artérias.
“O azeite é a única gordura que se consome sem ser refinada e, portanto, pode manter muitos dos compostos que inicialmente tem”, explica a pesquisadora Fátima Paiva-Martins.
O que isso quer dizer para quem consome azeite regularmente? Um risco menor de ataque cardíaco e de acidente vascular cerebral. E no futuro, o que já faz bem pode ficar ainda melhor. Os cientistas acham que vai ser possível produzir azeites quase medicinais.
“Um azeite mais picante, que é devido a um teor mais alto de determinados antioxidantes, será um azeite mais anti-inflamatório, por exemplo. Um azeite mais amargo poderá ser um azeite mais antioxidante, que evite mais a aterosclerose”, acredita a pesquisadora.
“Os antioxidantes dão um paladar amargo e picante aos azeites. Quanto mais amargo e picante, melhor para a saúde. É como um remédio”, completa.
Nos testes feitos em laboratório, a prova do poder do azeite. Agentes oxidantes, os mesmos que agridem o nosso corpo no dia a dia, foram injetados em amostras de glóbulos vermelhos do sangue. O resultado não poderia ser mais claro: As células que por ação do agente oxidante foram destruídas, quando juntamos o agente protetor ficam todas inteiras, sem alterações, o que mostra portanto que há de fato proteção pelo agente”, explica a pesquisadora da Universidade do Porto Alice Santos Silva.

A névoa fria da manhã cobre as terras de Trás-os-Montes. Até onde a vista alcança, milhares de oliveiras. É de lá que saem alguns dos melhores azeites do mundo.
O produtor de azeite João Menéres explica qual é o segredo: “É tudo um pouco, é o chão, é o xisto, é o clima e são as variedades nativas da região”.
Também é em Trás-os-Montes, que as oliveiras carregam as maiores reservas do superantioxidante que faz bem para o coração e para o cérebro. No olival orgânico, o professor José Alberto nos dá uma aula sobre a árvore que, infelizmente, não gosta muito do clima do Brasil.
O professor explica que não há diferença entre o pé de azeitona verde e azeitona preta. “Ela nasce verde. O que acontece é que ao longo da maturação vamos tendo várias tonalidades. No início começamos com as azeitonas verdes, depois vão começar a ficar verde-amareladas, depois verde-arroxeadas, depois muito mais violáceas, até que no final da maturação estão completamente negras”.
Vamos aprendendo com o professor que o melhor azeite é o extra virgem, que não é refinado. No rótulo é importante prestar atenção no nível de acidez. Quanto menor, melhor. A cor do azeite não importa, mas a da embalagem, sim. As mais escuras conservam mais o produto. E a paixão do professor pelo azeite, não fica só na teoria. Como bom português, ele pratica muito!
“Logo de manhã em uma torrada, em vez de meter manteiga, rego com azeite. Já metemos aí duas colheres. Por isso estou um bocadinho gordinho. Depois duas colheres ao almoço e mais duas ao jantar. Pelo menos seis colheres de azeite que eu consumo por dia”, conta o professor José Alberto Pereira.
Apesar de estar um pouco gordinho, as taxas do sangue não estão ruins. “Pelo menos, eu quando vou fazer análises não tenho problemas desses. Um bom prato, temperado com o nosso azeite e com um copinho de vinho tinto, certeza que mantém todos os níveis muito bons”, conclui.
Em Portugal ninguém duvida que a azeitona é uma grande amiga do homem. E, por falar nisso, nós temos que visitar uma velhinha portuguesa.
Uma oliveira é uma árvore que vive mais ou menos três séculos, e vamos conhecer uma que está fazendo aniversário. Está completando 1.099 anos. E ainda produzindo. A senhora oliveira é uma das mais velhas do mundo. E não se cansa de produzir saúde, para ela e pra todos nós.

Nenhum comentário: