Portugueses comemoram aniversário da Confraria do Bacalhau
O principal
alimento do país é conhecido como ‘fiel amigo’ por ter sido consumido por todos
em épocas de crise econômica.
O
porta-bandeira abre o desfile da ala das capas longas. O ritmo é só no
sapatinho. Será carnaval em Portugal? Mas cadê a bateria? Onde estão as
mulatas? Vamos voltar no tempo para entender que estranho bloco é esse.
As
cores, os chapéus, as fitas unem homens e mulheres envolvidos por uma paixão: a
boa comida. São as confrarias gastronômicas, que valorizam os pratos típicos da
culinária lusitana.
No aniversário da Confraria do Bacalhau, a comemoração é com
muita comida.
O grupo também vai acolher novos sócios, quer dizer, mais gente
vai ganhar o título de especialista em bacalhau. E foi assim que começou o
cortejo pelas ruas de Ílhavo, a cidade que é conhecida como a capital do
bacalhau. Mas de onde veio tanta paixão por um peixe que nem existe em Portugal?
O bacalhau vive nas águas geladas do norte e foi adotado pelos portugueses como
um símbolo de sobrevivência. Nos tempos mais difíceis, era a comida de todos,
ricos e pobres. É chamado até hoje de fiel amigo ou pão dos mares.
“A cabeça, a espinha, os samus, as línguas. Tudo se aproveita no
bacalhau para comer. Isto é um sinal de há muitos anos, de economia, de
aproveitar ao máximo um elemento que nós temos na nossa mão, obviamente porque
éramos, as pessoas eram pobres, o país era pobre, portanto havia que aproveitar
tudo o mais possível”, explica Ribau Esteves, grão-mestre conselheiro da
Confraria do Bacalhau.
O principal alimento do país é fruto da coragem. De um povo que
desafiou os mistérios do mar. Se antigamente os portugueses descobriram o
mundo, hoje também nos ensinam a ver o mundo de uma maneira diferente. Pelos
olhos de Manoel de Oliveira.
Aos 103 anos, o mestre do cinema nos recebe com o entusiasmo de
um menino. Que privilégio poder tomar um cafezinho com o cineasta mais velho do
mundo. Um homem que encontrou na arte um caminho para mostrar o que é ser
português.
Manoel de Oliveira continua filmando e ganhando prêmios, desde a
época do cinema mudo.
“Não é a mesma coisa viver antes dos 100 anos e depois dos 100 anos, mas, enfim, a gente trabalhando no cinema está a fabricar uma vida paralela e isso é muito interessante”, diz.
“Não é a mesma coisa viver antes dos 100 anos e depois dos 100 anos, mas, enfim, a gente trabalhando no cinema está a fabricar uma vida paralela e isso é muito interessante”, diz.
E o repórter quer saber qual o segredo para passar de um século
de existência com tanta vitalidade. “Não é culpa minha. Isso é um capricho da
natureza”, diz Manoel.
A natureza capricha todos os dias na vida deste artista. A
natureza também foi artista quando criou Portugal.
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