sábado, 24 de março de 2012

FIEL AMIGO PORTUGUÊS


Portugueses comemoram aniversário da Confraria do Bacalhau


O principal alimento do país é conhecido como ‘fiel amigo’ por ter sido consumido por todos em épocas de crise econômica.

O porta-bandeira abre o desfile da ala das capas longas. O ritmo é só no sapatinho. Será carnaval em Portugal? Mas cadê a bateria? Onde estão as mulatas? Vamos voltar no tempo para entender que estranho bloco é esse.

As cores, os chapéus, as fitas unem homens e mulheres envolvidos por uma paixão: a boa comida. São as confrarias gastronômicas, que valorizam os pratos típicos da culinária lusitana.

No aniversário da Confraria do Bacalhau, a comemoração é com muita comida.
O grupo também vai acolher novos sócios, quer dizer, mais gente vai ganhar o título de especialista em bacalhau. E foi assim que começou o cortejo pelas ruas de Ílhavo, a cidade que é conhecida como a capital do bacalhau. Mas de onde veio tanta paixão por um peixe que nem existe em Portugal? O bacalhau vive nas águas geladas do norte e foi adotado pelos portugueses como um símbolo de sobrevivência. Nos tempos mais difíceis, era a comida de todos, ricos e pobres. É chamado até hoje de fiel amigo ou pão dos mares.
“A cabeça, a espinha, os samus, as línguas. Tudo se aproveita no bacalhau para comer. Isto é um sinal de há muitos anos, de economia, de aproveitar ao máximo um elemento que nós temos na nossa mão, obviamente porque éramos, as pessoas eram pobres, o país era pobre, portanto havia que aproveitar tudo o mais possível”, explica Ribau Esteves, grão-mestre conselheiro da Confraria do Bacalhau.
O principal alimento do país é fruto da coragem. De um povo que desafiou os mistérios do mar. Se antigamente os portugueses descobriram o mundo, hoje também nos ensinam a ver o mundo de uma maneira diferente. Pelos olhos de Manoel de Oliveira.
Aos 103 anos, o mestre do cinema nos recebe com o entusiasmo de um menino. Que privilégio poder tomar um cafezinho com o cineasta mais velho do mundo. Um homem que encontrou na arte um caminho para mostrar o que é ser português.
Manoel de Oliveira continua filmando e ganhando prêmios, desde a época do cinema mudo.
“Não é a mesma coisa viver antes dos 100 anos e depois dos 100 anos, mas, enfim, a gente trabalhando no cinema está a fabricar uma vida paralela e isso é muito interessante”, diz.
E o repórter quer saber qual o segredo para passar de um século de existência com tanta vitalidade. “Não é culpa minha. Isso é um capricho da natureza”, diz Manoel.
A natureza capricha todos os dias na vida deste artista. A natureza também foi artista quando criou Portugal.

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