Rio, que completa 447 anos, ainda surpreende com
atrações que vão além dos cartões-postais
Cidade está em eterna transformação, mas ainda conserva sua beleza natural
RIO - Senhora cidade, que nesta quinta-feira completa 447
anos, o Rio de Janeiro é uma maravilha em constante transformação. Ainda tem
muito do paraíso encontrado por Estácio de Sá, quando a fundou em 1565, e
coisas absolutamente novas, trazidas pelo progresso e pelo estilo de vida
inquieto e criativo de seus moradores. A beleza natural ainda se mistura a
prédios históricos, mas novas construções, estradas, túneis e viadutos abriram
caminho para paisagens em que o antigo e o moderno flertam. Com áreas pacificadas
e às vésperas da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, mais novidades são
esperadas. Quem quiser conhecer o Rio de verdade vai descobrir um roteiro
eclético para além dos cartões-postais, tão bom quanto ir ao Pão de Açúcar ou
ao Cristo.
O Rio inventado pelo carioca, seja ele nascido aqui ou não, é quase uma afirmação de identidade. Entre as ideias que dão samba, está a feijoada nas quadras de escolas como Portela e Mangueira, só para citar algumas, que fora do período de carnaval garantem folia para o ano todo. Como há criatividade de sobra, outros ritmos entram no calendário de programas que estão caindo no gosto, mesmo exigindo disposição extra, como uma viagem até o subúrbio de Madureira só para dançar black music sob o Viaduto Negrão de Lima — na tranquilidade. Beber cerveja enquanto se aprecia o pôr do sol na mureta da Urca, mesmo não figurando em folhetos turísticos, já é um clássico. Assim como se juntar a uma multidão para uma roda de samba, ao ar livre, na Pedra do Sal, na subida do Morro da Conceição, onde estão remanescentes de quilombos. E por aí vai... São programas que dão tempero à cidade, onde nada acontece por acaso.
O Rio inventado pelo carioca, seja ele nascido aqui ou não, é quase uma afirmação de identidade. Entre as ideias que dão samba, está a feijoada nas quadras de escolas como Portela e Mangueira, só para citar algumas, que fora do período de carnaval garantem folia para o ano todo. Como há criatividade de sobra, outros ritmos entram no calendário de programas que estão caindo no gosto, mesmo exigindo disposição extra, como uma viagem até o subúrbio de Madureira só para dançar black music sob o Viaduto Negrão de Lima — na tranquilidade. Beber cerveja enquanto se aprecia o pôr do sol na mureta da Urca, mesmo não figurando em folhetos turísticos, já é um clássico. Assim como se juntar a uma multidão para uma roda de samba, ao ar livre, na Pedra do Sal, na subida do Morro da Conceição, onde estão remanescentes de quilombos. E por aí vai... São programas que dão tempero à cidade, onde nada acontece por acaso.
Música e antiguidade no Lavradio
À medida que o tempo passa, algumas atrações do roteiro off vão se
tornando quase obrigatórias e turistas buscam, cada vez mais, o lado B da
cidade. A Rua do Lavradio, que concentra antiquários no Centro, é o endereço de
um dos eventos mais charmosos da cidade, para antes ou depois da praia: a Feira
do Rio Antigo. Além de lojas e barracas de expositores, restaurantes oferecem
cardápio variado e há shows musicais para todos os gostos.
— É um espaço democrático, perto da Lapa, que é outro ponto de encontro
dos cariocas. Gosto de almoçar nos restaurantes e andar pela rua, que é
fresquinha mesmo nos dias mais quentes — diz a aposentada Marisa Barros,
frequentadora assídua da feira.
A praia passou por releituras. No verão, é cada vez mais comum encontrar
as areias do Arpoador lotadas. À noite. Desde a inauguração de uma iluminação
especial, o programa ganhou mais adeptos, prolongando o prazer de quem gosta de
um mergulho gelado ou simplesmente de ver o mar. Para o surfista Rico de Souza,
a praia é o local mais democrático do mundo.
— Viajei para vários países, mas o astral carioca, a maneira que a gente
leva a vida, nunca vi em lugar nenhum.
Mas não é apenas o improviso que explica a efervescência da cidade que
exala história mas mantém seu estoque de novidades. À luz da ciência, os
cariocas também são bambas. A revitalização da Lapa, por exemplo, é fruto de um
empreendedorismo cultural bem sucedido, segundo Leo Feijó, consultor do
Instituto Gênesis da PUC-Rio, na gerência da Incubadora Rio Criativo.
— A Lapa era pouco explorada pelo poder público. Hoje são mais de 50
casas. É a Lapa do cartão-postal, do samba, mas não é só isso — diz Leo, um
entusiasta do projeto. — Eu assumi quatro casas na Lapa preservadas pelo
Corredor Cultural, que estavam destruídas, e recuperei tudo. As pessoas têm que
botar a cabeça para fora da água e ver que a cidade é muito mais do que o
circuito Zona Sul.
Porto: promessa de novidades no futuro
Leo, que já abriu mais de dez casas no Rio, entre as quais a Casa da
Matriz, em Botafogo, e é um dos pioneiros no resgate da Lapa, diz que é preciso
entender para onde a cidade cresce, porque ela não para. E cada lugar tem sua
vocação. Para ele, a agora é a vez da Zona Portuária, que promete dar o que
falar nos próximos aniversários do Rio.
— A revitalização dessa área pode ser um cluster criativo — acredita
Leo, apostando que ali surgirá um polo com características próprias, fenômeno
parecido com o que aconteceu na Lapa.
Mais mudanças ainda virão até as Olimpíadas de 2016, como observa a
arquiteta Fabiana Izaga, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil
(IAB-RJ):
— Até meados do século passado houve um aumento demográfico brutal.
Começou por Copacabana, Glória, Botafogo e depois chegou até alguns subúrbios
ligados à linha do trem. Até 1960, a cidade tinha tudo o que tem hoje, menos a
Barra da Tijuca. Entre 1930 e 1960, surgiram túneis, vias expressas, a
Perimetral, o Aterro do Flamengo. Copacabana ganhou as pistas duplicadas — diz
Fabiana Izaga. — Nos próximos quatro anos, teremos todas as trans (corredores
expressos), que vão expandir a cidade. Já temos uma ponte estaiada (a Ponte do
Saber, que liga a UFRJ à Linha Vermelha).
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