Imagens de sonda da Nasa trazem detalhes do relevo de
Mercúrio
Messenger orbita o planeta
mais próximo ao sol desde março de 2011.
Estudos que analisaram os dados foram publicados pela 'Science'.
Mercúrio
parece ser menos montanhoso que Marte e a Lua, e suas entranhas são muito
diferentes das de outros planetas do Sistema Solar, segundo um artigo publicado
nesta quarta-feira (21) pela revista "Science".
A publicação inclui dois estudos realizados a partir das
informações enviadas pela sonda espacial Messenger, que há um ano se tornou a
primeira a orbitar Mercúrio. O satélite artificial vem fazendo observações da
topografia e do campo gravitacional no hemisfério norte do planeta, que possui
reservas profundas de sulfureto de ferro.
A sonda, de quase meia tonelada, foi lançada ao espaço por um
foguete Delta II em agosto de 2004 e, após três passagens pelas proximidades do
planeta, se posicionou em março de 2011 em uma órbita elíptica, entre 200 e 15
mil quilômetros da superfície de Mercúrio.
Os técnicos da NASA --
agência espacial americana -- indicam que essa órbita busca proteger o aparelho
do calor propagado pelas áreas mais quentes da superfície de Mercúrio.
Um dos instrumentos na cápsula robótica é um altímetro de laser
que estudou a superfície no hemisfério norte de Mercúrio, onde se verificou que
a variedade de elevações é consideravelmente menor que as da Lua e de Marte.
Messenger em 18 de março
A
equipe liderada por Maria T. Zuber, do Departamento de Ciências da Terra,
Atmosfera e Planetas do Instituto Tecnológico de Massachusetts, usou o
altímetro que cobre áreas de 15 a 100 metros de diâmetro, a 400 metros de
distância uma da outra, ao longo das regiões sob a órbita.
"A precisão radial das medições individuais é de mais de um
metro e a precisão em relação ao centro de massa de Mercúrio é de menos de 20
metros", destaca o artigo, que teve a colaboração de cientistas dos
Estados Unidos, Canadá e Alemanha.
Segundo os pesquisadores, a característica mais proeminente na
metade norte de Mercúrio é uma extensa região de terras baixas que inclui uma
planície vulcânica.
Maria e seus colegas também puderam examinar a cratera Caloris,
de 1,5 mil quilômetros de diâmetro. Eles determinaram que uma parte do fundo da
cratera tem uma elevação maior que sua circunferência.
Combinação de imagens de Mercúrio feitas pela Messenger em 5 de outubro de 2011
Entranhas
Já uma equipe liderada por David Smith, da qual Maria também faz parte, usou o rastreamento por rádio da cápsula Messenger para determinar o campo de gravidade do planeta. Com os dados obtidos, observou-se que a crosta de Mercúrio é mais grossa em latitudes baixas e mais espessa em direção à região polar norte.
Essas conclusões descrevem o interior do planeta e indicam que a
camada externa de Mercúrio é mais densa do que os cientistas acreditavam até
agora.
"A estrutura interna de um planeta preserva informações
substanciais dos processos que influíram na evolução térmica e tectônica",
ressalta o artigo. "A medição do campo de gravidade de um planeta
proporciona informações fundamentais para compreender a distribuição da massa
interna desse corpo".
Durante as primeiras semanas em órbita, a sonda foi rastreada
constantemente pelas estações de banda X da Rede de Espaço Profundo da NASA.
Após esse período, a cobertura foi menos frequente.
Os pesquisadores explicam que processaram os dados coletados
entre 18 de março e 23 de agosto de 2011 e mediram as anomalias causadas pela
gravidade no hemisfério norte do planeta.
Para surpresa dos cientistas, os dados apontam uma grande
densidade de massa nas mantas superiores de Mercúrio, embora seja baixa a
presença de ferro nas rochas da superfície.
"Portanto, deve existir uma reserva profunda de material
altamente denso que explique a grande densidade do manto sólido e o momento de
inércia", acrescenta o artigo, concluindo que a composição mais provável
dessa reserva seja de sulfureto de ferro.
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