Motoristas correm a postos de SP para encher tanque após paralisação
Caminhões que
abastecem postos estão parados desde segunda-feira.
Caminhoneiros protestam contra restrições na Marginal Tietê.
Caminhoneiros protestam contra restrições na Marginal Tietê.
A paralisação dos
motoristas de caminhões-tanque, que não abastecem os postos de combustíveis da
Grande São Paulo desde esta
segunda-feira (5) em protesto contra as restrições de circulação na Marginal
Tietê, levou a uma corrida aos postos que ainda possuem combustíveis na manhã
desta terça-feira (6). Os estabelecimentos que ainda tinham etanol e gasolina
nas bombas relataram aumento no movimento, e, em alguns, havia filas. Muitos
motoristas tiveram que passar em pelo menos três postos para conseguir encher o
tanque nesta manhã.
Foi o
caso da professora Maria Antônia Herrera, que só conseguiu abastecer no
terceiro posto que parou e ainda teve que colocar gasolina aditivada. “Os
outros postos não tinham nada. Meu namorado já tinha me avisado que muitos
postos estavam sem. Eu sempre abasteço no meio da semana, espero o tanque de
álcool chegar na reserva para encher com gasolina. Desta vez resolvi adiantar,
tudo para não ficar sem”, contou.
No posto em que ela parou, na Marginal Tietê próximo à Ponte
Julio de Mesquita Neto, a gasolina comum e o etanol acabaram na noite desta
segunda. “Agora só tem aditivada, mas logo acaba também, está todo mundo
enchendo com ela por falta de opção. O movimento está bem maior”, afirmou o
frentista Miguel Rodrigues.
O analista de sistemas
Leandro Lopes só conseguiu abastecer no segundo posto em que parou. “Não estava
sabendo do problema, cheguei no posto e o frentista falou que não tinha.
Pensei, deixa eu procurar o próximo, se não tiver lá entro em desespero. Já
estava na reserva, e vou encher o tanque, porque nunca se sabe quando eles vão
voltar”, disse. “Muita gente chega já perguntando se tem gasolina, porque não
achou em outro lugar”, contou o frentista Roberto Silva Santos.
O
aposentado Marco Antônio Papini, de 75 anos, achou combustível no primeiro
posto em que parou, também na Marginal Tietê, perto da Ponte da Vila Guilherme,
mas aproveitou para abastecer um pouco mais do que o normal. “Esse carro é da minha
mulher, anda pouco. Normalmente coloco 20 litros, hoje estou colocando 30. O
meu já está com o tanque cheio”, contou.
Já Joselito Jesus Santos, gerente de uma lavanderia, abasteceu o
carro e também iria levar combustível para fazer as caldeiras do estabelecimento
operarem. “A distribuidora normalmente entrega direto, mas com os caminhões
parados não recebemos. Só achei no terceiro posto que parei. Vai sair mais
caro, mas é o jeito.”
Problemas
De oito postos visitados na Marginal Tietê e suas proximidades na manhã desta terça, dois já não tinham nenhum combustível, outros dois tinham apenas gasolina aditivada e os restantes ainda tinham combustível, mas temiam seu fim entre esta terça e quarta-feira (7). Há relatos de postos sem combustíveis na região do Morumbi e na Avenida Santo Amaro, na Zona Sul, e na Pompeia, na Zona Oeste.
Em um
estabelecimento perto da Ponte da Freguesia do Ó, no sentido da Rodovia Ayrton
Senna, caixotes e cones ocupavam o lugar dos carros nas bombas, sinalizando que
elas estavam secas. “Só tem diesel, o resto acabou ontem [segunda], no início
da tarde. E a procura também está maior, temos que ficar recusando cliente toda
hora”, contou o caixa José Lairton da Cunha. “Meu tanque já está no fim, vou ter
que procurar um posto para encher para poder voltar para casa.”
O supervisor de segurança Edgar Betarello foi um dos clientes
recusados. Ele buscava encher o tanque para viajar a trabalho para a região de
Campinas. “Não tenho o suficiente para pegar a estrada, tenho que abastecer
antes. Vou ter que procurar outro posto. Não estava sabendo do problema, fui
pego de surpresa. Vou aproveitar na volta para encher o tanque na estrada”,
afirmou.
Na Avenida Otto Baumgart, também na Zona Norte, um posto está
sem nenhum combustível desde 7h desta terça. “O que tinha vendeu tudo em uma
hora. Tem muita gente procurando, que já passou em três postos, e não acha.
Estamos com os funcionários parados, mas não tem o que fazer, é só aguardar.”,
contou Luiz Carlos Simões, dono do estabelecimento.
A falta de combustíveis também leva a alta dos preços nos que
ainda têm bombas cheias. O corretor Rogério Delela deixou de abastecer em um
posto devido ao preço. “O normal era R$ 1,65, e agora estava R$ 1,99 o litro do
etanol. Resolvi procurar outro. Aqui esta R$ 1,79, ainda é caro, mas menos que
no outro”, contou. No posto em que ele abasteceu, a gasolina comum já havia
acabado nesta segunda.
Serviços
essenciais
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo (Sindicam-SP), caminhões passaram a abastecer nesta terça os serviços considerados essenciais – hospitais, Samu, bombeiros, polícias Civil e Militar, coleta de lixo e aeroportos. Empresas de transporte público não foram incluídas no abastecimento. Excluídos esses serviços, todo o restante do abastecimento está parado. Além disso, o abastecimento aos pontos considerados essenciais está sendo feito apenas com a quantidade necessária para um dia.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
(Abcam) informou que a categoria entrou em contato com a Secretaria Municipal
de Transportes para pedir que a restrição seja suspensa no período da manhã,
apenas na Marginal Tietê. “Precisamos de uma válvula de escape para todos os
caminhões. Depois, em um período de 120 dias, poderia ter um acordo, um aumento
gradativo”, disse Claudinei Pelegrini vice-presidente da Abcam.
A restrição entrou em vigor nesta segunda e proíbe caminhões na
Marginal Tietê e em outras vias da região entre 5h e 9h e das 17h às 22h de
segunda a sexta e das 10h às 14h aos sábados.
Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes informou que já
realizou um série de reuniões com representantes das indústrias, sindicatos e
empresas de transporte para a determinação dos horários de restrição. “O
período de oito horas [de permissão de circulação] representa uma jornada de
trabalho do caminhoneiro e, com isso, ele poderá fazer a entrega dos produtos
pela Cidade durante o dia e retornar ao seu destino. No período da noite e madrugada,
os motoristas de caminhões terão sete horas para transitarem”, diz a nota.
Já a São Paulo Transporte (SPTrans) informou que "a maioria
das empresas que presta serviço de transporte coletivo na cidade possuem
transporte próprio de combustível e não apresentam problemas de abastecimento.
As empresas e cooperativas que não possuem transporte próprio de combustível,
se necessário, contarão com escolta da Polícia Militar para conseguir
reabastecer seus taques."
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