sexta-feira, 29 de junho de 2012

BRASIL


Brasil está entre os países de onde mais se originam os ataques virtuais



Ataques que antes se limitavam a emails falsos, agora atingem smartphones e redes sociais. Especialista diz que devemos ter cuidado com o que escrevemos na rede.


Navegar pela internet tem um lado perigoso: deixa rastros e expõe o internauta à possibilidade de ataques virtuais. O Brasil está entre os países de onde mais se originam esses ataques.
A coluna Conecte foi na empresa Akamai, localizada na cidade de Cambridge, nordeste dos Estados Unidos, para ver como funciona uma sala de controle de tráfego da internet. A empresa tem mais de 100 mil servidores em 78 países, inclusive o Brasil.
Num globo terrestre, os raios de luz verde indicam, em tempo real, a intensidade do tráfego de internet em cada ponto do planeta. Um mundo online com várias portas para ataques de hackers.
O matemático Tom Leighton, fundador da empresa, constatou que no último ano aumentou em 2.000% o número de ataques. “Hoje, temos um problema enorme com segurança. Pessoas tentando corromper seu site para pegar informação”.
Os hackers usam exércitos de bots, os computadores-robôs, infectados por vírus para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão, da mesma forma como faria um robô. Sem que os usuários notem, milhões de bots estão participando desses ataques. No momento em que a Conecte visitou a Akamai, o Brasil estava entre as principais fontes de problemas na rede.
No local foi possível ver, em tempo real, os países de onde estão saindo os maiores ataques de hackers na internet. A China apareceu em primeiro lugar com 41%, Estados Unidos segundo, com 9% e o Brasil em terceiro, com 6% dos ataques globais de hackers pela internet. No último ano, o Brasil esteve sempre entre os oito países de onde se originam os maiores ataques de hackers.
Tente se lembrar da última vez em que você subiu numa árvore. Que foi pescar? Não faz tempo? Agora, pense na última vez em que chegou perto de um computador. Estamos irreversivelmente conectados a desktops, laptops, tablets, smartphones. Onde estão as suas fotos? Para a sua família, você escreve carta ou manda e-mail? Nós colocamos a nossa vida no mundo digital. Sem saber direito como cuidar dela.
André Carrareto é diretor para o Brasil da Symantec, uma das maiores empresas do mundo de segurança para sistemas de informação. Ele conta que, no ano passado, os programas antivírus da empresa, instalados em computadores do mundo inteiro, bloquearam 5,5 milhões de ataques - 81% mais do que em 2010, e o caminho preferido dos hackers não são mais os e-mails falsos. São as redes sociais e os smartphones. “Mas nem sempre é preciso acontecer isso. Muitas vezes, nós oferecemos informações importantes da nossa vida numa bandeja”, avisa André.
O professor e especialista em segurança da informação e professor da Fiap, Edison Fontes, ainda faz um alerta. “No mundo virtual, você deixa mais pegadas do que no mundo real. Então você precisa ter cuidado com o que você está escrevendo, porque você sabe que essas coisas vão ficar quase que para sempre."
Mesmo as informações ou as fotos que nunca saíram do seu computador, e que você já apagou, podem reaparecer. Todo arquivo ganha um nome no momento em que é gravado. "foto-0-0-3-5-7.JPG", por exemplo. Esse nome tem duas funções. É um endereço para o sistema operacional saber exatamente em que ponto do disco a imagem está registrada e avisa que aquele espaço está ocupado, não pode ser usado para guardar outra informação.
Quando o dono do computador aperta o botão "delete", o que se apaga é apenas esse nome. Ele não vê mais a foto porque o sistema não sabe onde ela está. Mas existem programas que conseguem vasculhar o disco. Se foi gravado, continua na máquina.
Numa simulação, feita para Conecte, é possível mostrar que governos e empresas também não sabem se cuidar. Em poucos minutos o hacker entra num site e identifica uma falha de programação. É a porta que ele usa para entrar e encontrar o que quer. Nomes de usuários e senhas dos administradores da página. Com essas informações, um invasor pode, por exemplo, implantar um vírus que rouba informações para uma empresa concorrente.
“Ele pode acessar banco de dados dos clientes, quem são, fazer download dessas informações para ele”, dono da Pontosec, Gabriel Lima.
Gabriel começou a invadir computadores alheios aos 12 anos. Aos 21 anos, ele ganha para identificar falhas e fechar portas e alertar sobre risco, como o uso, sem cuidado, das redes livres de Wi-Fi.
Ele explica como consegue saber as informações de um celular, por exemplo. “Não estou invadindo o celular, você é que está passando, essa informação para rede que eu estou. Então eu estou escutando o que você está conversando com o roteador da rede”.
Quem oferece a rede sem fio também corre risco. Com um computador portátil, um hacker consegue invadir a rede de um hotel, por exemplo. Depois de roubar a senha do gerente, ele pode passar uma semana inteira no melhor quarto, gastar sem limites no bar ou no restaurante e, na hora de sair, limpar tudo da conta.
E quem é esse hacker? Como é o rosto dele? Pode ser qualquer um, alerta o consultor em segurança empresarial, Marc Goodman. "Existem grupos criminosos grandes e organizados que contratam centenas de pessoas para ir à internet e cometer crimes”.
Marc Goodman tem clientes em 70 países e trabalha com a Interpol e as Nações Unidas para combater o ciberterrorismo. Com 20 anos de experiência ele tem segurança para afirmar que quem usa a internet, incluindo empresas e governos, precisa aprender a se defender.
"Nos Estados Unidos fizeram um estudo com os departamentos de governo para ver se os sistemas de computador eram seguros e se estavam preparados para combater crimes cibernéticos e a maior parte deles tirou nota vermelha”, diz Goldman.





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