Brasil está entre os países de onde mais se originam os ataques virtuais
Ataques que antes se limitavam a
emails falsos, agora atingem smartphones e redes sociais. Especialista diz que
devemos ter cuidado com o que escrevemos na rede.
Navegar pela internet tem um lado perigoso: deixa
rastros e expõe o internauta à possibilidade de ataques virtuais. O Brasil está
entre os países de onde mais se originam esses ataques.
A coluna Conecte foi na empresa Akamai, localizada
na cidade de Cambridge, nordeste dos Estados Unidos, para ver como funciona uma
sala de controle de tráfego da internet. A empresa tem mais de 100 mil
servidores em 78 países, inclusive o Brasil.
Num globo terrestre, os raios de luz verde indicam,
em tempo real, a intensidade do tráfego de internet em cada ponto do planeta.
Um mundo online com várias portas para ataques de hackers.
O matemático Tom Leighton, fundador da empresa,
constatou que no último ano aumentou em 2.000% o número de ataques. “Hoje, temos
um problema enorme com segurança. Pessoas tentando corromper seu site para
pegar informação”.
Os hackers usam exércitos de bots, os
computadores-robôs, infectados por vírus para simular ações humanas repetidas
vezes de maneira padrão, da mesma forma como faria um robô. Sem que os usuários
notem, milhões de bots estão participando desses ataques. No momento em que a
Conecte visitou a Akamai, o Brasil estava entre as principais fontes de
problemas na rede.
No local foi possível ver, em tempo real, os países
de onde estão saindo os maiores ataques de hackers na internet. A China
apareceu em primeiro lugar com 41%, Estados Unidos segundo, com 9% e o Brasil
em terceiro, com 6% dos ataques globais de hackers pela internet. No último
ano, o Brasil esteve sempre entre os oito países de onde se originam os maiores
ataques de hackers.
Tente se lembrar da última vez em que você subiu
numa árvore. Que foi pescar? Não faz tempo? Agora, pense na última vez em que
chegou perto de um computador. Estamos irreversivelmente conectados a desktops,
laptops, tablets, smartphones. Onde estão as suas fotos? Para a sua família,
você escreve carta ou manda e-mail? Nós colocamos a nossa vida no mundo
digital. Sem saber direito como cuidar dela.
André Carrareto é diretor para o Brasil da
Symantec, uma das maiores empresas do mundo de segurança para sistemas de
informação. Ele conta que, no ano passado, os programas antivírus da empresa,
instalados em computadores do mundo inteiro, bloquearam 5,5 milhões de ataques
- 81% mais do que em 2010, e o caminho preferido dos hackers não são mais os
e-mails falsos. São as redes sociais e os smartphones. “Mas nem sempre é
preciso acontecer isso. Muitas vezes, nós oferecemos informações importantes da
nossa vida numa bandeja”, avisa André.
O professor e especialista em segurança da
informação e professor da Fiap, Edison Fontes, ainda faz um alerta. “No mundo
virtual, você deixa mais pegadas do que no mundo real. Então você precisa ter
cuidado com o que você está escrevendo, porque você sabe que essas coisas vão
ficar quase que para sempre."
Mesmo as informações ou as fotos que nunca saíram
do seu computador, e que você já apagou, podem reaparecer. Todo arquivo ganha
um nome no momento em que é gravado. "foto-0-0-3-5-7.JPG", por
exemplo. Esse nome tem duas funções. É um endereço para o sistema operacional
saber exatamente em que ponto do disco a imagem está registrada e avisa que
aquele espaço está ocupado, não pode ser usado para guardar outra informação.
Quando o dono do computador aperta o botão
"delete", o que se apaga é apenas esse nome. Ele não vê mais a foto
porque o sistema não sabe onde ela está. Mas existem programas que conseguem
vasculhar o disco. Se foi gravado, continua na máquina.
Numa simulação, feita para Conecte, é possível
mostrar que governos e empresas também não sabem se cuidar. Em poucos minutos o
hacker entra num site e identifica uma falha de programação. É a porta que ele
usa para entrar e encontrar o que quer. Nomes de usuários e senhas dos
administradores da página. Com essas informações, um invasor pode, por exemplo,
implantar um vírus que rouba informações para uma empresa concorrente.
“Ele pode acessar banco de dados dos clientes, quem
são, fazer download dessas informações para ele”, dono da Pontosec, Gabriel
Lima.
Gabriel começou a invadir computadores alheios aos
12 anos. Aos 21 anos, ele ganha para identificar falhas e fechar portas e
alertar sobre risco, como o uso, sem cuidado, das redes livres de Wi-Fi.
Ele explica como consegue saber as informações de
um celular, por exemplo. “Não estou invadindo o celular, você é que está
passando, essa informação para rede que eu estou. Então eu estou escutando o
que você está conversando com o roteador da rede”.
Quem oferece a rede sem fio também corre risco. Com
um computador portátil, um hacker consegue invadir a rede de um hotel, por
exemplo. Depois de roubar a senha do gerente, ele pode passar uma semana
inteira no melhor quarto, gastar sem limites no bar ou no restaurante e, na
hora de sair, limpar tudo da conta.
E quem é esse hacker? Como é o rosto dele? Pode ser
qualquer um, alerta o consultor em segurança empresarial, Marc Goodman.
"Existem grupos criminosos grandes e organizados que contratam centenas de
pessoas para ir à internet e cometer crimes”.
Marc Goodman tem clientes em 70 países e trabalha
com a Interpol e as Nações Unidas para combater o ciberterrorismo. Com 20 anos
de experiência ele tem segurança para afirmar que quem usa a internet,
incluindo empresas e governos, precisa aprender a se defender.
"Nos Estados Unidos fizeram um estudo com os
departamentos de governo para ver se os sistemas de computador eram seguros e
se estavam preparados para combater crimes cibernéticos e a maior parte deles
tirou nota vermelha”, diz Goldman.
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