'A Doença da Morte' ganha
adaptação para o teatro
A densidade e a poesia sobre a impossibilidade de
amar, características da obra de Marguerite Duras (1914-1996), emergem sob o
diálogo turbulento entre um casal na peça "A Doença da Morte", no
Teatro Augusta, até 26 de agosto. Originalmente concebido como obra literária,
o texto de 1982 já tinha a indicação da autora, nascida na Indochina (atual
Vietnã), de pais franceses, e conhecida pelo romance autobiográfico "O
Amante", para que fosse levado ao palco.
Esta montagem foi
concretizada graças ao esforço da produtora Lulu Librandi, que, há três anos,
já havia produzido na cidade outro espetáculo da escritora, "A Música
Segunda". Lulu convidou o diretor Marcio Aurelio para comandar a encenação
de agora. Ele também é um apaixonado pela obra de Marguerite, desde quando, na
juventude, assistiu a "Hiroshima, Meu Amor", filme de 1959, com
direção do cineasta francês Alain Resnais e cujo roteiro é dela.
"A Doença da
Morte", traduzida por Vadim Nikitin, traz o embate amoroso entre um homem
e uma mulher. Ela é contratada por ele para que lhe ensine a amar. "A
personagem feminina detecta nele a doença da morte, que, para ela, é a
incapacidade de amar, de conseguir se relacionar, de ver o outro, de estar com
o outro, de não só se relacionar com os seus pequenos autismos pessoais",
diz a atriz Paula Cohen, intérprete do papel. Paula divide o palco com o ator
Eucir de Souza, em uma atuação que demonstra bastante intimidade do casal em
cena.
O ator diz que ficou
impressionado com a identificação que o texto provocou nele e considera que
todos temos, em algum grau, a "doença da morte". "Quando comecei
a estudá-lo mais a fundo, percebi que trata de uma questão pertinente muito
latente hoje, que é essa incapacidade de a gente ver o outro, amar e entender
que ali tem uma vida e que aquela pessoa também tem suas vontades."
E cabe ao espectador
dar sua interpretação ao que vê neste duelo entre o masculino e o feminino.
"São muitas ações na cena, absolutamente nada realista. É encantatório
porque você sai daquele realismo típico dos anos 1950 e entra para um texto
completamente novo, ainda absolutamente sensível à realidade de hoje", diz
Marcio Aurelio.
A DOENÇA DA MORTE
Teatro Augusta (Rua
Augusta, 943, Consolação). Tel. (011) 3151-4141 .
Até 26/8. Sexta, às
21h30; sábado, às 21h; domingo, às 19h. Ingressos: R$ 50 (sexta e domingo) e R$
60 (sábado). 16 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário