Animal mais antigo viveu 30 milhões
de anos antes do previsto, diz estudo
Canadenses acharam rastros
de 'lesma' de 585 milhões de anos no Uruguai.
Bicho mais antigo do mundo até agora havia sido encontrado na Rússia.
Pesquisadores da Universidade de Alberta, no
Canadá, descobriram no Uruguai uma prova física de que animais existiram há 585
milhões de anos, 30 milhões de anos antes que as evidências científicas
mostravam até agora. Os resultados do estudo estão publicados na edição da
revista “Science” desta quinta-feira (28).
Até então, o fóssil mais antigo do mundo tinha 555
milhões de anos e havia sido localizado na Rússia.
O achado foi por geólogos da equipe de Ernesto
Pecoits e Natalie Aubet, que encontraram trilhas fossilizadas de um animal
semelhante a uma lesma, com cerca de 1 centímetro de comprimento. O rastro foi
deixado em um terreno sedimentar com lodo.
A equipe chegou à conclusão de que as trilhas foram
feitas por um bicho primitivo bilateral, que se diferencia de outras formas de
vida simples por ter uma simetria superior diferente da parte inferior, além de
um conjunto único de “pegadas”.
Os pesquisadores dizem que as faixas fossilizadas indicam
que a musculatura desse animal mole lhe permitia mover-se pelo solo raso do
oceano. O padrão de movimento da “lesma” indica uma adaptação evolutiva para
buscar comida – o material orgânico do sedimento.
A idade precisa dos rastros foi calculada
pela datação de uma rocha vulcânica que se “intrometeu” na rocha sedimentar
onde os caminhos foram achados. O processo incluiu um retorno ao Uruguai para
coletar mais amostras da rocha fossilizada e várias sessões de análise por um
método chamado espectrometria de massa, que identifica diferentes átomos
presentes em uma mesma substância.
Ao todo, os autores do estudo levaram mais de
dois anos para ficarem satisfeitos com a precisão da idade de 585 milhões de
anos.
Segundo o paleontólogo Murray Gingras, da
mesma equipe, é comum que animais de corpo mole desapareçam, mas suas trilhas
virem fósseis. O geomicrobiólogo Kurt Konhauser diz que a descoberta abre novas
questões sobre a evolução desses animais – como foram capazes de se mover e
procurar alimento – e as condições ambientais envolvidas. Além desses
pesquisadores, o trabalho contou com a participação de Larry Heaman e Richard
Stern.
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