segunda-feira, 18 de junho de 2012

DINHEIRO BRASILEIRO


Real é o mais valorizado da América Latina



Países vizinhos beneficiam-se com economia fortalecida.








 

Mesmo com sua recente desvalorização, causada porum agravamento da crise econômica europeia, o real ainda é a moeda mais forte da América Latina. Por estar relativamente estável, a economia brasileira impulsiona países vizinhos e ainda movimenta suas economias com visitas frequentes de turistas brasileiros que perderam o ânimo de viajar aos Estados Unidos por conta da alta do dólar.

Fernando Padovani, professor de economia internacional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), conta que a desvalorização do real por conta das incertezas da crise já era esperada e que moedas como a colombiana e a peruana flutuaram para cima e para baixo junto com a moeda brasileira – que seguiu sendo a mais forte do grupo por conta dos investimentos externos que ainda tem atraído. “A influência que a moeda norte-americana tem nas moedas latinas é basicamente a mesma. Dos países vizinhos, a Argentina foi o único que destoou e teve problemas econômicos mais agudos, mas este fenômeno deve-se à crise interna pela qual os portenhos estão passando”, diz.


A economia brasileira puxa todos os outros países latino-americanos e, se o Brasil estagnar, certamente estes países também terão problemas





Roberto Simonard, professor de economia internacional e comércio exterior da ESPM-RJ, ressalta que os problemas argentinos culminaram em barreiras econômicas impostas contra produtos brasileiros. Mas, para o professor, estas desavenças – que já estão sendo solucionadas – dizem respeito apenas ao protecionismo argentino, temeroso à instabilidade do dólar e à desaceleração da China, e nada têm a ver com uma possível ameaça da valorização do real frente ao peso. “O aquecimento da economia brasileira puxa todos os outros países latino-americanos e se o Brasil estagnar, certamente estes países também terão problemas”, afirma.

Se o Brasil vai bem, consequentemente os países vizinhos aumentam suas exportações. Mas se o crescimento da economia brasileira recua, a demanda também diminui. “Importamos muito petróleo da Venezuela e arroz do Uruguai, por exemplo. Sem contar a grande parceria comercial que temos com a Argentina. Se deixarmos de comprar, é aí que vamos afetar os países vizinhos”, conta Jobson Monteiro Souza, professor de economia internacional da FECAP.

Bom para o consumidor

A economia dos países vizinhos também ganha com o turismo local, já que o turista brasileiro passa a optar por pacotes para as principais cidades da América Latina. Simonard diz que, depois de vivenciar o aumento da renda da classe C, ofertas de crédito e moeda valorizada, os brasileiros não estão com medo de gastar. Com a alta do dólar, viagens para os EUA, por exemplo estão sendo evitadas, mas os brasileiros não estão deixando de viajar. “Quem ganha com esta explosão de consumo são países como Chile e Argentina – destinos baratos e prazerosos”, garante.

Augusto Fontes, gerente de vendas da agência de viagens Flying Tour conta que, de fato, a procura por destinos latinos cresceu 80% desde maio de 2012 – época em que o valor da moeda norte-americana começou a subir. “Em duas semanas esgotamos pacotes para passar o feriado de Corpus Christi em países como Chile, Argentina e México. Vendemos opções para calor ou frio e nenhum turista gastou mais do que US$ 1.000,00 – com direito a hospedagem, café da manhã e traslado. Acaba saindo mesmo muito barato”, diz. Fontes aponta ainda compras e passeios em conta como fatores atrativos nestes destinos.

Para Souza, nenhum país latino terá motivos para reclamar da moeda brasileira tão cedo. “Importamos, viajamos e, assim, impulsionamos a economia latino-americana. Nossos vizinhos só vão poder reclamar se resolverem visitar o Brasil em um futuro próximo e se depararem com produtos e serviços muito caros. Mas, salvo esta exceção, o fortalecimento da economia brasileira tem sido de grande ajuda para países latinos”, afirma.

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