Chávez e Ahmadinejad fortalecem
aliança e compartilham críticas aos EUA
Caracas, 22 jun (EFE).- Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez,
e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, se reuniram nesta sexta-feira em Caracas para
fortalecer a "aliança estratégica" entre seus países e aproveitaram
para compartilhar suas críticas contra os Estados Unidos, acusados de
exportarem "democracia com fuzil".
Chávez e Ahmadinejad analisaram os programas de cooperação,
especialmente o de construção de casas no país caribenho, rejeitaram as
"ameaças" contra as revoluções que lideram e defenderam a democracia
após a destituição do presidente paraguaio, Fernando Lugo.
O governante venezuelano comemorou a visita de seu colega
iraniano, a quem qualificou de "irmão", "aliado" e
"verdadeiro líder" dos povos que lutam "contra as forças
imperiais que pretendem seguir impondo seus desígnios perversos".
"Sabemos das ameaças que seguem apontando contra a soberania,
a independência do povo do Irã e seu Governo. Sabemos o heroico esforço que
fizeram, mas, além disso, as dificuldades impostas, os obstáculos impostos pelo
imperialismo", disse Chávez, que recebeu Ahmadinejad com honras militares
e um abraço.
O venezuelano mencionou os "bloqueios, as ameaças e as
sanções unilaterais que pretendem impor" à revolução islâmica do Irã e
assegurou que contam "com todo o apoio do povo venezuelano", do
Governo e da revolução bolivariana.
Ahmadinejad ressaltou a oportunidade de encontrar-se com seu
"querido irmão" Chávez, a quem definiu como um "revolucionário
que está resistindo ao grande imperialismo, defendendo os direitos de seu povo
e os de todos os povos independentes do mundo".
"É um motivo de orgulho para nós esta amizade que temos com o
povo venezuelano", acrescentou o governante iraniano, antes de advertir
que o "imperialismo mobilizou todo seu poder para pressionar os povos
independentes".
Chávez aproveitou a ocasião para confirmar que o presidente da
Bielorússia, Aleksandr Lukashenko, o visitará na próxima segunda-feira e
comentou que ele, Lukashenko e Ahmadinejad são tidos como
"ditadores", apesar de terem sido eleitos em pleitos democráticos.
"Todos nós somos ditadores, o ditador Ahmadinejad, o ditador
Lukashenko e o ditador Chávez, mas acontece que fomos eleitos e reeleitos com
altíssimas porcentagens", afirmou.
Ahmadinejad indicou que Lukashenko "também é um homem revolucionário"
e assinalou que, para o império, "a democracia é o que eles definem, não o
que o povo quer".
"Sob o nome da liberdade, levaram ao poder todos os
ditadores", acrescentou o presidente iraniano, antes de acusar os EUA de
exportarem "democracia ao Iraque", matando um milhão de pessoas,
deixando quatro milhões de refugiados e destruindo sua infraestrutura.
"Esta é a democracia com fuzil", sentenciou.
O governante iraniano chegou a Caracas após os Estados Unidos
confiarem que a Venezuela o pressionaria com relação a seu programa nuclear e
advertirem Caracas sobre a possibilidade de violar sanções impostas ao Irã com
seu novo programa de aviões não tripulados.
Ao aludir aos aviões não tripulados, Chávez assegurou que "há
um escândalo por isso" e esclareceu "não têm armas nem nada".
"Isso é para aumentar nossa capacidade de vigilância sobre
nosso território", assegurou Chávez, que também agradeceu a China pelo
lançamento, em breve, do segundo satélite do país.
O líder bolivariano destacou que o "desenvolvimento integral
da Venezuela" só poderá ser alcançado graças à revolução, "assim como
foi alcançado pelo China" e como "foi alcançado pelo Irã, graças à
revolução islâmica".
Ao analisar os programas bilaterais, Chávez destacou que no ano
passado foi quebrado um "recorde histórico" com a construção de
146.718 casas com o apoio iraniano e que em 2012 o número já chega a 70.600.
"Para este ano, temos a meta de construir 200 mil
casas", ressaltou o chefe de Estado venezuelano.
Por fim, Chávez anunciou que seu objetivo é levantar três milhões
de unidades habitacionais nos próximos seis anos, ou seja, no período
2013-2019, para o qual ele buscará sua terceira reeleição no pleito de outubro.
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