quinta-feira, 14 de junho de 2012

MALVINAS - CAPÍTULO XXXXXXXX


Argentina pede que Reino Unido retome diálogo sobre Malvinas



Nações Unidas, 14 jun (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, pediu nesta quinta-feira na tribuna da ONU que o Reino Unido atue com "mais inteligência" e aceite retomar o diálogo sobre as Malvinas, uma questão que classificou como problema regional e global.
"O Reino Unido deveria atuar com mais inteligência, porque uma negociação levaria a parceiras benéficas para a América do Sul e para todo o mundo", disse a presidente durante seu discurso perante o Comitê Especial de Descolonização das Nações Unidas, que estudou hoje o caso das Malvinas.
Cristina exigiu ao Governo britânico o retorno das negociações sobre o futuro do arquipélago, ocupado pelo Reino Unido desde 1833. As duas nações, inclusive, se enfrentaram em uma guerra sobre o tema que terminou há 30 anos.
"Não pedimos que nos deem razão, mas que se sentem na mesa para dialogar. Pode alguém no mundo contemporâneo se negar a dialogar e depois se transformar em líder da liberdade e do mundo ocidental e cristão? Acho que não", disse a presidente argentina.
Cristina foi a primeira chefe de Estado a participar de uma sessão do Comitê de Descolonização. Na ocasião, ela disse não ter nenhum tipo de rancor nem ofensa, e defendeu construir com os britânicos "uma nova história na base do diálogo" e de acordo com as distintas resoluções aprovadas pela ONU. "Não queremos mais mortes nem guerras, porque sofremos interna e externamente", disse.
O Comitê de Descolonização da ONU aprovou nesta quinta por consenso uma resolução - apresentada por Bolívia, Chile, Cuba, Equador, Nicarágua e Venezuela -, que pediu mais uma vez à Argentina e ao Reino Unido negociações para chegar a uma solução "pacífica, justa e duradoura".
Além do diálogo, a presidente pediu ao Reino Unido, que suas autoridades, comecem a cumprir os pedidos do Comitê de Descolonização organismo e argumentou que a questão tem um impacto regional e global. "É regional, porque defendemos os recursos da América do Sul e global porque amparamos o papel de um organismo internacional", disse a governante.
A participação de Cristina no Comitê coincidiu com o 30º aniversário do fim da Guerra das Malvinas, mas a presidente argentina disse que esse não foi o motivo de sua ida. "Não por isso, mas porque em poucos meses completa 180 anos que fomos usurpados". Além disso, garantiu que a guerra de 1982 foi uma decisão unilateral da ditadura.
Cristina esteve acompanhada por vários ministros de seu Gabinete, como o chanceler Héctor Timerman, e por representantes da maioria das forças parlamentares argentinas.
Antes de seu discurso, que encontrou respaldo dos representantes de vários países, entre eles Rússia, China e Síria, dois representantes da Assembleia Legislativa das Malvinas defenderam a permanência da atual relação com o Reino Unido e a realização de um referendo de autodeterminação.
Um dos integrantes da Assembleia, Mike Summers, convidou a Argentina a escutar as os malvinenses e iniciar um diálogo, algo, que o Governo argentino só concebe com o Reino Unido como interlocutor.
Os representantes das Malvinas tentaram sem sucesso entregar uma carta a Cristina quando a presidente saía do Comitê, e alguns deles a seguiram até os elevadores da sede nova-iorquina da ONU, mas também não a alcançaram.
Na carta, os participantes da Assembleia fazem o pedido de diálogo e pedem ao Governo argentino que termine sua tentativa de retomar o domínio das Malvinas. "Pedimos o fim da campanha de assédio e intimidação contra os malvinenses, e que nos permita viver em paz nas ilhas que foram nosso lar durante quase 180 anos".
O embaixador britânico perante a ONU, Mark Lyall Grant, disse à imprensa ao término da sessão e acusou a Argentina de usar dados errôneos sobre as Malvinas "por propaganda". Ao mesmo tempo qualificou de "decepcionante" o fato de o país ter aumentado a retórica nos últimos meses.
"Lamentamos. Temos boas relações com a Argentina em quase todos os temas, mas não neste. Não vamos fazer nada para agravá-lo", disse o diplomata.
Nesta quinta-feira, completa 30 anos do fim da Guerra das Malvinas de 1982, um conflito que ocorreu depois que as tropas argentinas ocuparam o arquipélago e no qual morreram 255 militares britânicos e pelo menos 650 argentinos. 

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