Governo do Uruguai começará a
plantar maconha em setembro
MONTEVIDÉU, 24 Jun (Reuters) - O governo do Uruguai pretende
começar a plantar maconha em setembro, depois da aprovação da lei que
regularizará a produção e a venda da planta, disse uma autoridade à Reuters.
A colheita da cannabis é feita seis meses depois do plantio, o que
permitiria o início da lavoura no começo do próximo ano.
"Com a regulamentação do mercado da maconha da forma que
estamos propondo, vamos conseguir minar o desenvolvimento do mercado de outras
drogas", disse o secretário-geral da Junta Nacional de Drogas, Julio
Calzada, em entrevista à Reuters.
O governo do presidente José Mujica, anunciou na quarta-feira que
legalizará a comercialização de maconha como parte de um plano de 15 medidas
para combater aumento da criminalidade nos últimos meses, embora o Uruguai seja
um dos países mais seguros do continente.
A legislação deve ser aprovada pelo Congresso, onde a governista
Frente Ampla tem maioria nas duas Casas.
O governo nega que vá montar uma rede de comercialização da droga
e diz que centralizará a distribuição por meio de lojas privadas controladas.
"A ideia central do Poder Executivo é que o Estado tenha uma
forte presença na regulamentação da produção. Inicialmente nos inclinamos por
uma regulação e produção no âmbito do próprio Estado", disse o
funcionário.
O Uruguai estuda impor um consumo máximo de 30 gramas mensais por
pessoa, por meio de um registro que buscará evitar o "narcoturismo" e
o mercado negro.
"A ideia é só vender aos cidadãos nacionais. A Holanda teve
de alterar parte de sua estratégia, depois de muitos anos de dificuldades com
países de sua região", afirmou Calzada.
No Uruguai há cerca de 75 mil pessoas que consomem maconha pelo
menos uma vez por mês. O governo estima produzir 27 mil quilos por ano, o que
fará em uma área de uns 100 hectares ainda não divulgada.
Calzada acrescentou que a regulamentação permitirá controlar a
qualidade da droga consumida, o que não é possível fazer atualmente. Ele disse
ainda que a produção poderá servir como base para medicamentos oncológicos.
O governo afirma que sua intenção não é obter lucro com o negócio,
embora pretenda taxar a venda e destinar o valor arrecadado à reabilitação de
dependentes químicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário