Comissão de Juristas aprova delação premiada no Código
Penal
BRASÍLIA
- A Comissão Especial de Juristas, instalada no Senado para reformar o Código
Penal, aprovou nesta segunda-feira a regulamentação da chamada delação
premiada, instrumento que não está previsto no texto legal em vigor. O autor de
um crime que colaborar com as investigações relacionadas ao caso poderá se
livrar da prisão.
A comissão apresenta no dia 27 de junho a conclusão dos
trabalhos, iniciados em outubro de 2011, ao presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP). As sugestões deverão ser analisadas por uma comissão especial, que
formalizará o projeto de lei a ser examinado pelo Congresso.
A última reunião dos juristas ocorreu nesta segunda-feira. Na
reunião, também houve a tipificação criminal da direção sob efeito de álcool,
sem exigência de aferição de etilometria (bafômetro).
Para o relator da comissão, o procurador da República Luiz
Carlos Gonçalves, o anteprojeto pode ser considerado 'exitoso', em razão do
'curto prazo' em que ocorreram os trabalhos da comissão e da tentativa de
contemplar o maior número de casos considerados polêmicos e passíveis de
incorporação ao novo código.
'Tivemos um prazo muito curto para fazer todo esse anteprojeto,
unificar uma legislação extravagante, propor descriminalizações, criar novas
figuras. Foi um trabalho exitoso', disse o relator. 'A comissão enfrentou todas
as questões polêmicas referentes ao direito penal, não desviou de nenhuma
discussão, não houve um assunto polêmico de que não tenhamos tratado'.
Entre as principais mudanças que podem ser incluídas no novo Código
Penal, estão a criminalização do enriquecimento ilícito; criação de um capítulo
específico para os chamados crimes cibernéticos; a possibilidade de
responsabilização de empresas em casos de práticas criminosas contra a
administração pública; a caracterização como crime hediondo de práticas de
trabalho em condições análogas à de escravidão; previsão de crimes ambientais;
a descriminalização do uso de drogas; a previsão de crimes para condutas de
homofobia; e a prática de bullying; punição em casos de abandono de animais.
Na avaliação do relator da comissão, a elaboração do anteprojeto
esteve em consonância com as atividades do Legislativo.
Algumas proposições feitas pelos juristas estão previstas em
projetos de lei em análise no Congresso, ou mesmo em leis já aprovadas, como
mais rigor com os crimes de lavagem de dinheiro. O Senado aprovou no início
deste mês um conjunto de propostas nesse sentido. 'Nós procuramos homenagear as
discussões já ocorridas no Congresso. Houve um diálogo, nunca um enfrentamento',
disse Gonçalves.
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