Congresso aprova impeachment de
presidente do Paraguai
ASSUNÇÃO, 22 Jun (Reuters) - O Congresso do Paraguai
aprovou nesta sexta-feira o impeachment do presidente do país, o socialista
Fernando Lugo, em um rápido julgamento político promovido por aliados e
opositores que voltou a colocar em risco a estabilidade do país.
Lugo disse que respeitará a decisão do
Congresso de afastá-lo do cargo, embora advertiu que a democracia está
"profundamente ferida" em seu país. Ele também pediu que as
manifestações em seu favor sejam pacíficas.
"Fernando Lugo não responde a classes
políticas, não responde à máfia, nem ao narcotráfico", disse o
ex-mandatário no Palácio do Governo, em uma crítica referência a opositores de
direita que se uniram para derrubá-lo.
Lugo começou a cair na quinta-feira, quando o
Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), do vice-presidente Federico Franco,
retirou seu apoio a Lugo, acusando-o de prevaricação num conflito fundiário que
deixou 17 mortos na semana passada.
No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou
por quase unanimidade a abertura do processo de impeachment, e o Senado marcou
o julgamento para esta sexta-feira.
"Declara-se culpado o acusado Fernando
Lugo Méndez, e, portanto, fica (ele) separado do pleno direito do seu
cargo", declarou o presidente do Congresso, Jorge Oviedo, no fim da votação
no Senado, com 39 votos pela cassação, e 4 contra.
Os advogados de Lugo tiveram apenas duas
horas para defender o presidente. Eles pediram aos parlamentares que
rejeitassem a peça de acusação e disseram que o processo era todo
inconstitucional.
Depois da decisão do Congresso, Lugo
permanecia na sede da Presidência. Manifestantes favoráveis a ele, que estavam
em frente ao Congresso, foram dispersados com balas de borracha e gás
lacrimogêneo.
AMEAÇA À DEMOCRACIA
Chanceleres da União de Nações Sul-Americanas
(Unasul) manifestaram apoio a Lugo e disseram que o processo de impeachment
ameaçava a ordem democrática por ter carecido de garantias processuais para o
presidente, um ex-bispo católico e socialista.
"A apenas nove meses das eleições (para
eleger o sucessor de Lugo), de maneira apressada, violou-se todo o devido
processo para a defesa e os direitos democráticos elementares", disse a
jornalistas o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, depois da votação no
Senado.
A delegação sul-americana manteve reuniões
com o presidente cassado, com parlamentares, com o vice-presidente Franco e com
a Corte Suprema.
Os chanceleres afirmaram posteriormente em
nota que a situação no Paraguai pode ter violado as chamadas "cláusulas
democráticas" da Unasul, o que deixa em aberto a possibilidade de que os
países vizinhos não reconheçam o novo governo.
Os chanceleres também acenaram com a
possibilidade de sanções não especificadas contra o Paraguai.
Pela Constituição paraguaia, o mandato de
Lugo deverá ser completado por Franco, que está rompido com o presidente.
O último processo de impeachment no Paraguai
aconteceu em 1999, quando o então presidente Raúl Cubas foi acusado de
envolvimento no assassinato do seu vice, Luis Argaña, e na posterior morte de
sete manifestantes. Cubas renunciou antes da conclusão do processo.
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