Indústria se opõe, e RJ adia seu
mercado de carbono
RIO DE JANEIRO, 22 Jun (Reuters Point Carbon) - O Estado
do Rio de Janeiro adiou indefinidamente o lançamento do seu sistema de limites
e comércio de emissões de carbono, depois de reclamações de indústrias a
respeito do custo.
O governo fluminense esperava sancionar a lei
para a criação desse sistema durante a conferência ambiental Rio+20, que
terminou nesta sexta-feira.
Em vez disso, o governo vai realizar uma nova
rodada de discussões com o setor privado, buscando um consenso sobre as metas
estaduais de redução de emissões de carbono, segundo uma fonte oficial.
O Rio pretende reduzir a intensidade das suas
emissões (ou seja, a quantidade de carbono emitida a cada real produzido) em 10
por cento até 2030.
"O governador (Sérgio Cabral) irá
realizar novas discussões com os executivos-chefes das maiores companhias antes
de podermos seguir adiante com o mercado", disse Walter di Simoni,
superintendente de Economia Verde do governo estadual.
O sistema de limites e créditos para emissões
abrangeria alguns dos mais estratégicos setores econômicos do Estado, inclusive
o de petróleo. Afetaria, portanto, empresas como Petrobras, Vale e
ThyssenKrupp.
A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de
Janeiro) disse não ser contra o mercado de carbono, mas considera que ele
precisa ser mais discutido antes do lançamento.
Em nota assinada também por organizações
setoriais do cimento, aço e produtos químicos, a Firjan disse que o novo
sistema pode afetar a competitividade das empresas fluminenses.
"(O sistema) Reduziria a produção local
e estimularia a importação de produtos de outros Estados, produtos que às vezes
têm pegadas de carbono maiores", afirmou a nota.
O mercado fluminense de carbono seria o
primeiro esquema latino-americano de limitação e comercialização de créditos
para emissões. A intenção era iniciar as transações em 2013, com uma
fase-piloto de três anos, durante a qual o governo deveria distribuir
gratuitamente 90 por cento das autorizações para emissões.
Os limites seriam, então, periodicamente
endurecidos, e as empresas receberiam cada vez menos autorizações durante as
três fases seguintes.
Um estudo da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) mostrou que o mercado tem potencial para eliminar, até 2030,
cerca de 209 milhões de toneladas de CO2 nos setores com maior volume de
emissões no Estado.
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