Empresa de filho de Lula deve R$ 6,1 mi
A Gamecorp, empresa criada por um dos filhos do ex-presidente
Lula, Fábio Luís Lula da Silva, e alvo de diversas polêmicas durante o mandato
do petista, vive uma situação de "incerteza" sobre sua sobrevivência.
A avaliação é da Peppe
Associados, uma firma de auditoria contratada pela própria Gamecorp para
verificar suas contas em 2011.
A Peppe fez um diagnóstico pouco
favorável para o futuro da empresa de Lulinha, como Fábio é conhecido, e ainda
lançou dúvidas sobre a confiabilidade dos números do balanço da empresa.
Segundo o relatório da auditoria,
a administração da Gamecorp não divulgou "de forma adequada" a razão
de números possivelmente incompatíveis nas contas. Também não foi possível,
escreve a Peppe, ter idéia do valor dos bens da empresa.
A Gamecorp surgiu em 2004,
recebeu um aporte de R$ 5 milhões da Telemar (hoje Oi). Como a empresa de
telefonia tem participação do BNDES, o aporte passou a ser investigado pelo
Ministério Público por suspeita de tráfico de influência.
Em 2006, quando a associação com
a Telemar tornou-se pública, o então presidente Lula disse à Folha que seu
filho era o "Ronaldinho" dos negócios, em alusão ao jogador de
futebol, tido como um dos melhores em atividade no Brasil naquela época.
Desde então, a empresa acumulou
sucessivos prejuízos. Apesar do lucro de R$ 384 mil no ano passado, as perdas
acumuladas chegam a R$ 8,6 milhões.
Além disso, há uma diferença de
R$ 2,2 milhões entre a soma dos bens e dos valores que a empresa tem a receber
e as obrigações que contraiu, o que pode configurar risco de insolvência. O
único alívio é a retaguarda da multinacional.
A dívida de curto prazo, de até
12 meses, subiu de R$ 2,03 milhões, em 2010, para R$ 2,89 milhões no fim do ano
passado. A de longo prazo, acima de um ano, saltou de R$ 3 milhões para R$ 3,3
milhões. O total dessas obrigações atinge R$ 6,1 milhões.
A avaliação da empresa de Lulinha
só foi possível porque hoje, como subsidiária da Oi, a Gamecorp adota critérios
internacionais de contabilidade. A Oi não quis comentar os resultados.
DINHEIRO PÚBLICO
No início, segundo o próprio
Lulinha, a Gamecorp evitava receber dinheiro de fontes públicas para não gerar
eventuais dúvidas sobre favorecimento político. No fim do ano passado, porém, a
postura mudou: a empresa recebeu R$ 190 mil por anúncios do Banco do Brasil.
De acordo com um diretor do banco
que pediu para não ter o nome publicado, o pedido partiu do pecuarista José
Carlos Bumlai, que é amigo de Lula. A reportagem tentou ouvir de Bumlai a razão
do empenho pela Gamecorp, mas não conseguiu contato.
Lulinha também não respondeu ao
e-mail encaminhado, nem ao recado deixado na Gamecorp.
Na sede da empresa, a informação
é que ele aparece por lá duas vezes na semana e que não tem secretária ou
alguém designado para dar informações à imprensa.
A assessoria de imprensa do Banco
do Brasil informou que o diretor de marketing da instituição na época do
repasse à Gamecorp era Armando Medeiros, que não está mais no banco.
Segundo a instituição, em 2011, o
BB veiculou filmes da campanha publicitária "BB Universitários/Fies",
destinada ao público jovem na PlayTV, uma emissora da Gamecorp.
Foram seis meses de veiculações
na PlayTV e em alguns outros canais de TV fechada e aberta, como MTV,
Multishow, VH1, Universal, MixTV e Woohoo.
O BB disse que não poderia dar
informações sobre o valor repassado. O banco negou que havia ingerência
política.
"Todas as campanhas
publicitárias do Banco do Brasil envolvem planejamentos de mídia realizados
pelas agências de publicidade. Os veículos e canais selecionados atendem a
critérios como target (público a que se destina a campanha), aderência da
programação aos objetivos da campanha, circulação, audiência e outros",
diz a assessoria de imprensa do BB.
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