Justiça suspende licença para construir hidrelétricas no
Pantanal
A decisão judicial
suspendeu o andamento dos projetos de 126 usinas em Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul. Os ambientalistas defendem a realização dos novos estudos.
A
Justiça Federal em Mato Grosso do Sul suspendeu as licenças ambientais para a
instalação de hidrelétricas no Pantanal até que seja realizado um estudo de
impacto na região.
A decisão judicial suspendeu o andamento dos projetos de 126
usinas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A maioria, pequenas centrais
hidrelétricas que podem gerar até 30 megawatts de energia. Os ambientalistas
defendem a realização dos novos estudos.
"Só agora é que vamos saber o que já aconteceu em termos de
danos ambientais para o Pantanal, com as barragens já construídas, e o que mais
poderia acontecer se mais fossem implantadas na Bacia do Taquari", explica
o turismólogo Ariel Albrecht.
O diretor do instituto, que concede as licenças ambientais, diz
que o sistema usado nas usinas não vai afetar o regime de seca e cheia dos
rios.
"É lógico que as PCHs provocam algum tipo de impacto
ambiental, mas elas trabalham com sistema de fio d'água. Não necessita de um
reservatório que armazene água para trabalhar na época da estiagem. Dessa forma,
ela não interfere no pulso de inundação no Pantanal”, ressalta Roberto Machado
Gonçalves, diretor do Imasul.
No Rio Taquari, um dos principais do Pantanal, a mata ciliar foi
totalmente retirada, e barracos depositam toneladas de areia no leito. O assoreamento
provocado, principalmente pela formação de pastagens, é um problema antigo, e,
de acordo com ambientalistas, a situação pode ficar ainda mais grave com a
instalação de usinas hidrelétricas na região.
“Em um primeiro momento, já de imediato com o barramento, vai
ter interferência no curso de inundação dos rios. Deixa de ser em função
natural para ser em função da demanda de energia", aponta o gestor
ambiental Nilo Peçanha.
O Pantanal vive dos rios que descem do Planalto Central e
inundam toda a planície. Um delicado equilíbrio ecológico que rege a vida de
milhares de pessoas. Nos últimos anos, seu Osmar viu a quantidade de peixes
diminuir por lá.
“Se sair essas usinas, aí sim que vão acabar os peixes. Não vai
mais ter água suficiente para os peixe subir”, afirma.
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