Importação de diesel pode dobrar até 2014, diz Petrobras
RIO DE
JANEIRO, 29 Ago (Reuters) - A importação de diesel pode dobrar até 2014 em
relação aos níveis atuais e depois cair, com a entrada em operação de novas
refinarias, disse nesta quarta-feira o diretor de Abastecimento da Petrobras,
José Carlos Cosenza.
Atualmente, a importação do combustível usado em veículos
pesados, como caminhões, está entre 150 mil e 160 mil barris por dia (bpd) e
deverá passar para entre 280 mil e 300 mil bpd em 2014, revelou Cosenza.
Falando a jornalistas, para detalhar o plano de investimentos da
empresa para o período 2012-2016, Cosenza ressaltou que a importação de diesel
cairá a partir da entrada em funcionamento de novas refinarias situadas no Rio
de Janeiro e Pernambuco.
"Em 2014, estamos falando em 300 mil barris, e 2015 e 2016
na faixa de 100 mil (importação de diesel). Isso (vai cair) porque temos a
entrada de duas plantas importantes que são Rnest (Abreu e Lima) e Comperj
(Complexo Petroquímico do Rio)", afirmou ele.
A Abreu e Lima, cujo custo pode chegar a 20 bilhões de dólares,
nove vezes o valor inicial estimado, tem início das operações projetado para
novembro de 2014 --o custo da refinaria pernambucana, também conhecida como
Rnest, subiu devido a aditivos de contratos e atraso de equipamentos, entre
outros motivos, segundo o diretor.
O Comperj operações previstas para iniciar em abril de 2015,
disse ele.
A Petrobras está fazendo esforços para antecipar operações das
refinarias Premium 1 (no Maranhão) e Premium 2 (no Ceará), de 2018 para 2017
--a primeira já tem licença de instalação, enquanto a segunda tem problemas de
disponibilidade de terreno.
O diesel responde por quase um terço da receita da Petrobras, o
que indica que as importações do derivado continuarão tendo impacto no balanço
da estatal, caso não seja reduzida a defasagem nos preços domésticos em relação
aos internacionais, uma meta da diretoria que assumiu no início do ano.
A estatal registrou prejuízo de 1,34 bilhão de reais no segundo
trimestre de 2012, o primeiro em mais de 13 anos, em parte devido às compras de
combustíveis no exterior.
GASOLINA
Em relação à gasolina, também haverá crescimento de compras no
exterior, mas a companhia conta com uma recuperação da produção de etanol e uma
elevação da mistura do biocombustível para reduzir importações, uma vez que as
novas refinarias não estão sendo projetadas para fabricar gasolina.
"A gasolina é cerca de 90 a 100 mil por dia em 2014, 2015 e
2016 (importação)... a partir de 2013 consideramos a volta a pleno do álcool
com 25 por cento na gasolina", comentou.
"A gente está jogando que na próxima safra já vai ter
valores históricos de mistura de etanol na gasolina. É claro, evidente (que
isso reduz a importação de gasolina)."
Atualmente, as importações de gasolina estão entre 70 mil a 80
mil barris/dia. As compras do derivado aumentaram 13 por cento no último
semestre.
Nesta quarta-feira, uma autoridade do Ministério de Minas e
Energia afirmou que uma decisão sobre o aumento da mistura de etanol na
gasolina pode ser tomada ainda este ano.
"Estamos trabalhando com a recuperação de biocombustível na
gasolina (aumento de etanol na mistura), achamos que isso é fundamental para o
país, não só pela redução da importação, mas também pelo aumento da qualidade
do combustível (etanol é menos poluente)", afirmou Cosenza.
O Ministério de Minas e Energia calcula que a importação
brasileira de gasolina entre 2015 e 2020 poderá custar 58 bilhões de reais ao
país, caso não haja aumento na oferta do combustível.
Para atender a forte demanda de combustíveis e elevar a produção
com as refinarias existentes, a Petrobras realizou investimentos de 11 bilhões
de dólares nas unidades, segundo apresentação do diretor.
Com isso, a produção de gasolina subiu 44 mil barris por dia e a
de diesel 37 mil barris/dia no primeiro semestre.
"Estamos fazendo um grande esforço na área de gestão dos
ativos no sentido de minimizar a importação de derivados", afirmou.
As ações da Petrobras fecharam em baixa de 0,6 por cento,
enquanto o Ibovespa encerrou em queda de 1,7 por cento.
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