Consumidores se deparam com falta de peças para consertar
automóveis
No primeiro semestre, um
site que registra reclamações dos consumidores recebeu mais de duas mil queixas
desse tipo: aumento de 62%.
Os
aborrecimentos de quem tem um veículo precisando de conserto andam maiores do
que o normal no Brasil.
A loja de autopeças que abre 24 horas por dia anda com o estoque
desfalcado.
“Falta parachoque, falta farol, falta lanterna. São as peças
feitas pelas montadoras”, lista o dono da loja, Roberto Gandra.
Em uma concessionária, o painel dianteiro de um carro também
está em falta. O problema lá é chamado de B.O.
“B.O. é uma peça que você tem pedido na companhia e ela não
mandou”, explica o gerente de loja Edilson Bessa.
Na oficina, um carro espera o para choque. O outro, os para
lamas. Outro, a porta traseira.
“Um espaço hoje, pra mim, improdutivo. Eu estou deixando de
ganhar dinheiro”, conta o dono da oficina, Alcides Scattini Júnior.
Se para as oficinas falta de peças significa prejuízo, imagine o
transtorno para os donos dos carros. Alguns ficam encostados por mais de um
mês. Não são carros antigos, não. A maioria saiu da fábrica nos últimos dois
anos.
Logo depois de comprar um carro zero, o fisioterapeuta Adriano
Vieira bateu em um caminhão, e há um mês o veículo está na oficina por falta de
peças.
“Falam da garantia, falam da assistência, e na hora que a gente
mais necessita a gente não vê isso”, lamenta.
No primeiro semestre, um site que registra reclamações dos
consumidores recebeu mais de duas mil queixas desse tipo: aumento de 62%. Para
o Sindicato das Lojas de Peças, a falha é das indústrias.
“Eu creio que elas não se prepararam adequadamente para atender
esse aumento de demanda. Esse descompasso acabou criando gargalos na
distribuição de autopeças”, avalia Francisco de La Torre, presidente do
Sindicato Varejista de Autopeças de São Paulo.
Pelo Código de Defesa do Consumidor, as montadoras têm de assegurar
a oferta de peças enquanto os veículos forem fabricados ou importados, e por um
período depois disso. Se em 30 dias o cliente não for atendido, a advogada Jung
Won Kim diz que os fabricantes podem ser punidos.
“Ele está sujeito a multa prevista do Código de Defesa do
Consumidor, e ainda uma ação civil coletiva, por ventura, por publicidade
enganosa”, ressalta a advogada.
O Jornal Nacional procurou as montadoras. Algumas negaram a
falta de peças. Outras declararam que o problema é pontual e que está sendo
resolvido.
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