terça-feira, 31 de julho de 2012

CAMINHONEIROS TUMULTUAM A VIA DUTRA


Protesto de caminhoneiros na Dutra entra no 2º dia e complica trânsito



Manifestação de caminhoneiros iniciou domingo e travou a Dutra.
Cerca de 5 mil caminhões estão parados na via, próximo a Barra Mansa.


O protesto de caminhoneiros ainda produzia ao menos quatro pontos de lentidão na Rodovia Presidente Dutra na madrugada desta terça-feira (31). Por volta de 2h30, o portal da Nova Dutra, concessionária que administra a estrada, registrava congestionamento na pista sentido Rio de Janeiro de cerca de 18 km na altura de Porto Real, entre os km 291 e 293, e 3 km em Resende, entre os km 305 e 302; e filas no corredor em direção a São Paulo de 12 km em Barra Mansa, entre os km 264 e 276, e de 2 km na Serra das Araras, entre os km 227 e 228.
A manifestação de caminhoneiros que completou 24 horas, por volta das 18h desta segunda-feira (30), e causou transtornos aos motoristas que tentaram trafegar pela Via Dutra. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 50 mil veículos foram atingidos com a paralisação, como mostrou o RJTV, até o final da tarde.
Os caminhões ocupam as pistas nos dois sentidos da via (Rio e São Paulo).  De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores de Carga do Sul Fluminense, o número de veículos parados na via chegou a 5 mil. O sindicato informou ainda que os manifestantes vieram preparados para passar dias na rodovia, se for preciso.
Nas rodoviárias, foram registradas horas de espera e desistências por parte dos passageiros. Alberto de Souza, de 78 anos, tinha viagem de ônibus marcada para São José dos Campos, no interior de São Paulo, mas desistiu ao chegar à rodoviária e saber da previsão de duração da viagem: a empresa de ônibus informou que o último veículo da companhia levou 10 horas para realizar o trajeto. Com exame cardiológico marcado para esta terça em São José dos Campos, ele resolveu ir de avião. “Liguei para a Polícia Rodoviária Federal e eles recomendaram não viajar, já que havia mais de 20 km de trânsito” disse Marina Martins, que acompanhava o avô Alberto.
á Antônio Magalhães, de 21 anos, esperava o irmão que embarcou de São Borja, no Rio Grande do Sul, em direção ao Rio, havia 38 horas. Segundo o jovem, a viagem já é cansativa por demorar 36 horas em dias normais. “A empresa falou que o ônibus chegaria às 15h, mas até agora nada”, disse Antônio, por volta das 17h.
A manifestação de caminhoneiros na Via Dutra só deixa uma pista de rolamento livre para a passagem de veículos de passeio, nos dois sentidos.
No sentido Rio, por volta das 19h, os motoristas enfrentavam congestionamento de 19 km no trecho próximo a Porto Real, no Sul Fluminense. A informação foi confirmada pela CCRDutra, concessionária que administra a via.
A manifestação ocorre em três pontos da via: Barra Mansa, Piraí e Resende, todas localizadas no Sul Fluminense.
Após ser interditada totalmente durante uma manifestação de caminhoneiros, a Rodovia Presidente Dutra, no sentido Rio de Janeiro, teve uma faixa liberada às 8h50 desta segunda-feira. A passagem, no entanto, é permitida apenas para carros e ônibus.
Os policiais rodoviários orientam os motoristas para que evitem pegar a Via Dutra nas imediações do trecho que está com problemas.
Desde a semana passada, caminhoneiros realizam manifestações e fecham estradas em vários estados do país em protesto contra a lei que regulamenta a jornada de trabalho da categoria.
A Lei Federal 12.619 obriga o trabalhador a ter descanso de 11 horas entre duas jornadas de trabalho, uma hora por dia de parada para almoço e repouso de 30 minutos a cada quatro horas rodadas. A lei foi publicada pelo Governo federal no dia 30 de abril e tem como objetivo evitar que motoristas rodem dia e noite sem paradas, para diminuir o número de mortes nas estradas.
A PRF iniciou fiscalização nesta segunda. “A fiscalização vai ser feita através do tacógrafo do veículo, que é o equipamento que registra o tempo de direção, velocidade e distância percorridas. No caso da impossibilidade da verificação do tacógrafo, nós vamos fiscalizar através da papeleta, que é um documento que todos os motoristas, inclusive os autônomos, devem portar, onde ele vai registrar o tempo de direção, a parada e a saída do veículo”, explica o inspetor da PRF José Hélio Macedo. Se descumprirem a determinação, os condutores poderão ser multados.
Caminhoneiros novamente bloquearam rodovias federais e estaduais do Paraná na manhã desta segunda-feira. A PRF registrou quatro pontos de interdição nas estradas, todos nas regiões oeste e sudoeste do estado. Em Pranchita e em Barracão, em diferentes trechos da BR-163. Também na BR-280, em Marmeleiro, e na BR-277, em Medianeira. Nestes locais, os motoristas de caminhões impediram a passagem de outros caminhoneiros. Veículos pequenos e ônibus trafegaram normalmente.
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), na PR-182, em Realeza, também no oeste, houve manifestação a partir da 8h30.

Protestos

Durante a última semana, caminhoneiros realizaram protestos em várias regiões do país.
De acordo com o presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro, Nélio Botelho, as principais reivindicações dos caminhoneiros referem-se ao valor recebido pelo serviço de frete, à forma de pagamento pelo serviço, atualmente feita com o uso do chamado cartão-frete, e à falta de estrutura para descanso. O movimento defende os interesses de motoristas autônomos, empregados e comissionados, empresas de transporte e cooperativas de transporte de cargas.
Segundo Botelho, o valor do frete, na maioria dos casos, não cobre os custos de manutenção dos veículos. Além disso, ele alega que a concorrência é muito grande na função, devido à mudança na lei 11.442 a partir de resolução da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). De acordo com o representante do movimento, a resolução 3.056 amplia de quatro para 18 as categorias que podem operar transporte de frete no país.
Até a resolução, o serviço podia ser explorado apenas por transportador autônomo que tivesse o transporte de carga como atividade principal ou empresa que tivesse no transporte rodoviário de carga sua principal atividade econômica. Atualmente, vários tipos de empresas têm conseguido a autorização da ANTT, injetando mais de 600 mil veículos no mercado, segundo o Movimento União Brasil Caminhoneiro. A categoria pede a revogação da resolução 3.056.
É questionado também o uso do cartão-frete, instituído como forma de pagamento pela resolução de número 3.658 da ANTT. O dinheiro pode ser sacado pelo caminhoneiro ou usado para abastecer, pagar fornecedores, como bares, lanchonetes e restaurantes, porém não estaria sendo bem aceito nos estabelecimentos. Para a categoria, o melhor seria o recebimento em dinheiro ou cheque.
Já sobre a carga horária, a lei estipula que a jornada de trabalho pode chegar a 13 horas diárias e que haja um intervalo de 11 horas para o descanso. No entanto, os caminhoneiros reclamam que não há pontos de paradas e locais para fazer higiene pessoal adequados. O Movimento União Brasil Caminhoneiro pede que a fiscalização seja adiada em um ano e que melhorias sejam feitas.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que discutirá com transportadoras e caminhoneiros novas regras para a regulação do setor. A agência também informou que busca o aperfeiçoamento dos requisitos para inscrição no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Cargas e das normas relativas ao pagamento eletrônico de frete.

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