quinta-feira, 26 de julho de 2012

LARANJAS FORA


Crise faz produtores derrubarem milhares de pés de laranja em SP



Somente um produtor de Taquaral (SP) destruiu 6 mil pés nesta quinta (26).
Supersafra e redução mundial do consumo de suco provocam problema.


Produtores de laranja derrubam pomares no interior de São Paulo (Foto: Reprodução/EPTV)Produtores de laranja derrubam pomares no interior de São Paulo

Produtores de laranja do interior de São Paulo estão destruindo pomares porque não têm para quem vender o produto. A crise no setor é causada pelas supersafras dos últimos dois anos e a redução mundial do consumo de suco. A perda da produção em 2012 deve variar entre 50 e 100 milhões de caixas da fruta, segundo estimativas da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura e da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
Somente na cidade de Taquaral (SP), o citricultor Nelson Martins Pontes mandou derrubar nesta quinta-feira (26) cerca de 6 mil pés de laranja do tipo Hamilin. Também nesta quinta, produtores realizaram um protesto em Taquaritinga (SP) e distribuíram 200 litros de suco para a população.
Marco Antônio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura e do Sindicato Rural de Taquaritinga, explica que a destruição dos pés de fruta é necessária para evitar a proliferação de doenças que poderiam atingir pomares ainda saudáveis. “Já tem mais de 8 milhões de caixas no chão, o produtor não pode deixar isso apodrecer no pé”.
Segundo a CitrusBr, o excesso de laranja foi causado pela supersafra de 2011, quando foram produzidas 428 milhões de caixas, sendo que São Paulo reponde por 90% da produção nacional. A capacidade da indústria de processamento é de aproximadamente 247 milhões de caixas por ano. Em 2012, porém, os laranjais voltaram a produzir uma safra acima do esperado, cerca de 365 milhões de caixas.
A CitrusBr também afirma que, desde 2000, o consumo mundial de suco concentrado caiu de 2,7 para 2 bilhões de toneladas.
A concorrência com outras bebidas, como os isotônicos e as águas saborizadas, é apontada como a principal causa para o encolhimento do mercado, mas a crise econômica na Europa e restrições dos Estados Unidos ao produto brasileiro por causa do uso de um agrotóxico proibido naquele país – Carbendazim – também prejudicaram as vendas.

Fim

Pontes, que colocou o pomar abaixo em Taquaral, disse que migrará para a produção de cana-de-açúcar para evitar prejuízos no futuro. Só na safra deste ano ele perdeu R$ 100 mil em investimentos. “É o fim da linha”, disse.

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