Abro a
coluna com o deputado Newton Cardoso, ex-governador de Minas Gerais, fonte
cheia de histórias hilárias.
Assumiu o governo de Minas e, no dia seguinte, foi ao aeroporto
para viajar no helicóptero da administração estadual. Ao tomar conhecimento de
que aquele "trem" tinha o nome de seu adversário, foi logo dando
bronca no piloto :
- Não
entro de jeito nenhum nesse trem com o nome do Hélio ( ).
O piloto, constrangido, respondeu :
- Mas
governador, esse helicóptero é do governo do Estado e não do ex-governador
Hélio.
Newtão não quis saber :
- Esse
trem agora vai se chamar Newtoncóptero. Falei e tá falado.
Outra historinha envolvendo o folclórico ex-governador. Resolveu
passear de carro com a família. O carro pifou na estrada. O mecânico, que o
socorreu, diagnosticou :
- São
os burrinhos dos freios; estão danificados. Acho bom trocar logo esses
burrinhos.
Cardoso deu a bronca :
-
Calma, seu mecânico, meus filhos não descerão dos burrinhos de jeito nenhum.
Mensalão na reta final
O mensalão, ufa, chega à reta final. 3 de agosto, início da
partida. Previsão de término : segunda quinzena de setembro. São 38 réus, 50
mil páginas de documentos, 90 horas de julgamento, 15 sessões do plenário, 600
testemunhas em 42 cidades brasileiras. Fase de inquirição de testemunhas : 4
anos. Alegação final dos réus tem 2,8 mil páginas. Voto do relator Joaquim
Barbosa tem mil páginas. Voto do revisor Ricardo Lewandowski, também mil
páginas. Para efeito de comparação, lembremo-nos do caso Collor : 8 réus, 38
páginas de processo (1994). O interesse é tão grande que o STF está pedindo
reforço de segurança junto à Força Nacional. Mídias nacional e internacional
com luzes e holofotes acesos.
Projeções
Hipótese 1 : condenação de todos os réus. Penas duras. Menos
provável. Hipótese 2 : absolvição de todos os réus. Pouco provável. Hipótese 3
: condenação de alguns e absolvição de outros. Razoável. Esta é uma projeção
por muitos considerada a mais viável. As penas serão variadas. Mas poucos
acreditam em penas muito duras. Os operadores do esquema poderão receber penas
mais pesadas. O caso mais emblemático a suscitar dúvidas e interrogações
envolve o ex-ministro José Dirceu. Haverá novidades, como a versão mais recente
do ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou o esquema : Lula ordenou a
operação. Esta é a bombástica declaração do advogado de Jefferson, Luiz
Francisco Corrêa Barbosa. Como se recorda, logo após denunciar o caso, o
presidente do PTB inocentou Lula : "eu contei e as lágrimas desceram dos
olhos dele. O presidente Lula é inocente nisso".
Estratégias
Entre as estratégias dos advogados de defesa, uma das mais anunciadas
diz respeito ao desdobramento dos casos, o que poderia, caso a tese fosse
aceita, fazer com que os autos dos processos de alguns réus voltem às
instâncias inferiores, permanecendo no STF apenas os processos abrigando réus
com prerrogativas de foro, conforme visão do ministro Marco Aurélio Mello.
Outros defenderão o argumento de que os recursos do mensalão provinham do caixa
2 de campanhas. Há, ainda, os que defenderão a ideia de que alguns réus não
tomavam conhecimento e nem eram responsáveis pelo caixa do PT.
O fator Russomanno
A última pesquisa Datafolha sobre os candidatos à prefeito de
São Paulo tem aberto grande polêmica sobre os competidores, a partir da
hipótese sobre os dois competidores que entrarão no corredor do segundo turno.
Dois dados surpreenderam : o crescimento de 2 pontos de Celso Russomanno, do
PRB, que chegou aos 26% e a expansão da taxa de rejeição de José Serra, que
chega aos 37%. Minha interpretação : Russomanno abocanhou uns pontinhos que
eram do cantor Netinho de Paula, que se retirou do pleito; Serra, que é
conhecido por quase todo o eleitorado de 8,5 milhões, aumenta rejeição nas
margens, onde não é bem avaliado. Seu desafio será o de diminuir drasticamente
a rejeição, algo entre 15% a 20%. Mas a grande pergunta é : Russomanno
sustentará seu índice ?
Projeções
Vamos à história. Em julho de 2008, Marta liderava o pleito,
seguida por Geraldo Alckmin. Marta chegou a ter 35%, enquanto Alckmin exibia
confortáveis 32%. O prefeito Kassab, que assumira no lugar de Serra, tinha 8%. Na
oportunidade, este consultor fez para ele a leitura : poderia quebrar a
polarização entre PT x PSDB por meio de uma campanha positiva, alegre, jovial,
para cima. E assim ele fez. Subia degraus a cada pesquisa. Quebrou a
polarização. Passou Marta Suplicy e desbancou Alckmin. A história derruba a
tese de que a polarização é algo irremovível. Pode, sim, ser ultrapassada.
Nesse caso, há possibilidades de crescimento para Fernando Haddad e Gabriel
Chalita. Será difícil para Russomanno sustentar sua taxa. Terá apenas 2 minutos
e alguns segundos de TV e rádio.
TV, o comício eletrônico
Que ninguém se engane. A TV será o maior cabo eleitoral da
campanha municipal nos municípios que contam com mídia eletrônica. Será a
vitrine de candidatos e de suas propostas. O fluxo de atenção obedecerá a uma
lógica : início dos programas de rádio e TV (21 de agosto) até 5 de setembro,
boa audiência. Eleitores querem saber quem é quem e quais são as propostas. De
5 a 20 de setembro, queda da audiência. O eleitorado, após tomar conhecimento
das campanhas de cada candidato, faz um intervalo. Assiste, esporadicamente,
alguns programas. À medida que a campanha se aproxima do final, a audiência
tende a crescer. Os eleitores querem conferir abordagens e consolidar suas
visões/julgamentos/decisões sobre candidaturas.
Balança capenga
Há mistério cercando os pesos da balança da Anatel. A Agência
avaliou desempenho das operadoras, pede providências e compromissos com
qualidade. Até aí tudo bem. Entre Claro, Vivo, TIM e Oi, esta última é a que
apresenta menor índice de reclamação. Da moldura avaliativa, emerge a
instigante questão : por que a Vivo não foi punida pela Anatel ? Há mais
complexidade em alguns chips que imagina nossa pequena capacidade de
compreensão.
Desemprego e eleições
Só agora começam a aparecer os primeiros sinais de desaceleração
da economia, a partir do freio na indústria. O mercado de trabalho é o
território dos efeitos. Anuncia-se, aqui e ali, fechamento de postos de
trabalho. O desemprego começa a mostrar sua carranca. Eleições sob um pano de
fundo de contingentes desempregados apontam para o perfil de um eleitor
contrariado, nervoso, insatisfeito, indignado. Os danos serão mais visíveis nos
maiores centros eleitorais, a partir de São Paulo.
Mensalão e eleições
O mensalão terá repercussão sobre o processo eleitoral ? A
primeira leitura é a de que os eleitores conseguirão distinguir as coisas. Mas,
nas capitais onde se constata polarização clássica entre petistas e tucanos, é
previsível que o discurso do mensalão frequente a mesa dos debates. Haverá,
como se sabe, alguns debates, promovidos pelas redes de TV. E é provável que o
assunto acenda a polêmica principalmente na segunda metade de setembro.
Parcerias
Nas 85 maiores cidades do país - com mais de 200 mil eleitores -
PMDB e PT dobraram as alianças. Nesse grupo, em 2008, o PMDB apoiava 10
candidatos petistas. Hoje, apoia 20. Já a recíproca mudou um pouco. Em 2008, o
PT apoiava um peemedebista em 6 cidades. Hoje, endossa um peemedebista em 3
cidades. O PMDB também reduziu acordos com o PSDB. Já o PSB do governador
Eduardo Campos diminuiu o apoio aos candidatos petistas, privilegiando seus
próprios quadros. E manteve acordos com o PSDB e o PSD do prefeito Kassab.
Resumo do quadro : PMDB dá sinais de expandir aliança com PT e PSB faz o
caminho inverso, expressa distanciamento.
Obama e a economia
Barack Obama está com dificuldades de expandir o cofre da
campanha. Em 2008, conseguiu juntar quase US$ 600 milhões. Hoje, não chegou a
captar US$ 100 milhões. É a economia, estúpido. O empate com Mitt Romney tem
como desenho de fundo a posição nada confortável da economia norte-americana.
Pacto de não agressão ?
José Serra quer firmar pacto de não agressão com Celso
Russomanno. Quem acredita nisso ? Difícil. Na hora H, todos os candidatos puxam
a navalha cortante da expressão.
SOS para as crianças
A cada ciclo de férias, a pauta de tragédias se expande.
Continuam a morrer crianças em hotéis e parques de diversão no país nesses
tempos de insegurança geral. É assustador ! A última morte foi segunda feira,
em um hotel de Águas de São Pedro. Uma criança de 4 anos brincava num balanço.
Uma das barras de sustentação do brinquedo caiu sobre a menina. O Estado não
fiscaliza nem pune os desvios que se acumulam. Vidas humanas destruídas na
esteira da irresponsabilidade. Vamos apoiar entidades como a ONG Férias Vivas, fundada por Fernando Pinto
Zacharias e Silvia Maria Basile.
Trabalho perde função
Há greves em 7 ministérios, em agências e autarquias Federais.
Calcula-se em 150 mil o número de servidores abarcados pelos movimentos. Pela
lógica, o Ministério do Trabalho e Emprego seria a entidade a negociar com as
lideranças das greves. Pois bem, o Ministério não cuida disso. A pasta está
esvaziada. Primeiro, porque Dilma percebeu que ali é um território muito
disputado pelas Centrais sindicais, a partir da Força Sindical. Por isso,
baixou um decreto transferindo ao Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão a responsabilidade de negociar com os servidores públicos e gerir o
cadastro nacional das entidades sindicais que representam o funcionalismo. Ou
seja, o Ministério do Trabalho perdeu peso na frente de articulação com os
servidores.
54º Congresso de Hotéis
De 26 a 28 de julho, o CONOTEL 2012 reunirá autoridades,
gestores e executivos da cadeia hoteleira para debater as principais questões
do setor no Centro de Eventos Fecomercio, na capital paulista. Na abertura do
evento, este consultor fará uma análise da conjuntura neste momento em que o
setor conta com a aprovação do Plano Brasil Maior pela presidente Dilma
Rousseff. O Congresso deve contar também com a presença de Valdir Moysés Simão,
secretário executivo do Ministério do Turismo; Maurício Lucena Do Val, diretor
de Políticas de Comércio e Serviços do MDIC; Marco Antônio Viana Leite do Ministério
do Desenvolvimento Agrário; Valéria Barros, do SEBRAE Nacional; Ângela Pimenta
Peres, do SESI; Enrico Ferni, presidente da ABIH Nacional; e Bruno Omori, da
ABIH/SP. O evento é uma realização das quatro principais entidades do setor :
ABIH Nacional (Associação Nacional da Indústria de Hotéis), FBHA (Federação
Brasileira de Hospedagem e Alimentação), e FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros
do Brasil e Resorts Brasil). Entre os temas abordados, "Brasil como
ambiente macroeconômico para aceleração do turismo"; "Modelos
internacionais da relação de parceria entre governo e hotelaria"; e
"Inovação como ferramenta preventiva contra estagnação do mercado
hoteleiro".
Conselho às autoridades policiais
Esta coluna dedica sua última nota a pequenos conselhos a
políticos, governantes e líderes nacionais. Na última coluna, o espaço foi
destinado aos candidatos e seus assessores. Hoje, sua atenção se volta às
autoridades policiais :
1. A
insegurança voltou a provocar pânico em São Paulo. O momento é propício para
uma profunda reflexão sobre a capacitação dos quadros policiais. Que devem
receber urgente orientação/treinamento sobre condutas de abordagem dos
cidadãos.
2. É inadmissível
que os assustadores eventos policiais, que culminaram com o assassinato de um
publicitário e de um imigrante italiano, sejam debitados na conta da
banalização, como se fossem casos normais. A população quer ver atos e decisões
substantivas voltadas para aperfeiçoar as ações da polícia.
3. Caso
persistam as situações de extrema violência, como as que se viram em São Paulo,
nos últimos dias, a indignação social culminará com o repúdio aos governantes
do momento. E a arma que o povo usará será o voto.
"Se
tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra
todo dia". (José
Saramago)
"Gostar
é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar". (José Saramago)
"O
que as vitórias têm de mal é que não são definitivas. O que as derrotas têm de
bom é que também não são definitivas". (José Saramago)
Nenhum comentário:
Postar um comentário