Beleza e simplicidade encantam os visitantes de Algodoal, no Pará
Charretes e
pousadas rústicas dão clima bucólico à ilha.
Energia elétrica só chegou ao local em 2005.
Energia elétrica só chegou ao local em 2005.
Algodoal
é uma das quatro vilas que formam a Ilha de Maiandeua, localizada no município
de Maracanã, na região do Salgado, nordeste do Pará. Como Algodoal é a vila
mais conhecida do local, e também a maior da ilha, o nome acabou se sobrepondo
ao original, "Maiandeua", que do tupi, significa "mãe da
terra". Por ser muito próximo de Algodoal, o porto de Marudá, distrito de
Marapanim, é utilizado como referência de acesso à ilha.
Os 19 quilômetros quadrados de praias com grandes extensões de
areia, manguezais, trilhas ecológicas, passeios de canoa e a pesca esportiva
são alguns dos atrativos que mais impressionam os visitantes de Algodoal. Além
disso, as festas noturnas da ilha, sempre ao som de reggae e ritmos regionais,
como carimbó e tecnobrega, atraem muitos jovens em busca de diversão,
principalmente nos períodos de alta temporada do verão amazônico.
Diferente de outras praias
do estado, a única forma de chegar à ilha é através de barcos, que fazem a
travessia de Marudá, distrito de Marapanim, para Algodoal. A viagem dura
aproximadamente 40 minutos. A ilha é banhada pela Baía de Marapanim, pelo
Oceano Atlântico, e pelo Canal da Mocooca.
Entre
pesquisadores e turismólogos do estado, não há um consenso que determine a
origem do nome Algodoal, mas há duas hipóteses: a primeira, e mais conhecida, é
a de que o nome "Algodoal" se refere a um tipo específico de planta
que tem na ilha, cujas sementes têm filetes brancos que lembram algodão. Já a
outra hipótese diz que a ilha se chama "Algodoal" por causa das
extensas dunas de areia muito branca, que, vistas de longe, também parecem
algodão.
Área de Proteção Ambiental
Algodoal tornou-se uma Área de Proteção Ambiental (APA) em 1990, através de uma resolução da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Por isso, veículos de tração motorizada são proibidos de circular na ilha, exceto ambulâncias e viaturas de polícia. Sob essas condições, quem não for adepto de longas caminhadas pode optar por utilizar bicicletas, charretes ou barcos, únicos meios de transporte utilizados pela população local.
A APA Algodoal/Maiandeua foi a primeira Unidade de Conservação
(UC) litorânea do Pará, e está dividida em quatro vilas: Camboinha,
Fortalezinha, Mocooca e Algodoal, sendo esta última a mais preparada e bem
estruturada para receber os turistas.
De acordo com a pesquisadora da Universidade Federal do Pará
(UFPA), Helena Dóris Quaresma, as primeiras ocupações em Aldogoal foram
registradas por volta de 1920, através da criação de ranchos de pesca.
Atualmente, segundo a pesquisadora, além da pesca artesanal e coleta de
mariscos, o turismo se tornou uma das atividades motoras da economia da ilha.
Uma
curiosidade sobre o desenvolvimento local: a energia elétrica só chegou à
Algodoal em 2005. Antes disso, telefones celulares, internet e até mesmo
máquinas de cartão de crédito não funcionavam na ilha.
A chegada da eletricidade deixou muita gente preocupada sobre a
preservação do local. Por outro lado, com a instalação das redes de energia a
estrutura turística melhorou bastante. "Por muito tempo a questão da luz
elétrica foi um entrave, alguns da comunidade queriam, outros não, mas sabemos
da importância desse serviço, até porque os próprios moradores precisavam desse
elemento. Acredito que a energia elétrica trouxe uma comodidade para a comunidade,
que pode ter uma geladeira, guardar seus alimentos. O turismo também foi muito
beneficiado, pois os restaurantes e hotéis puderam oferecer aos clientes um
conforto maior", explica Diana Alberto, turismóloga da UFPA.
Ambiente rústico e simples é o diferencial da ilha
Quem chega à Algodoal logo percebe que o clima de simplicidade predomina no lugar, com ruas de terra batida e casas de alvenaria de construção rústica. Não há grandes edifícios, mansões, avenidas asfaltadas, carros, ônibus, nem os barulhos costumeiros das grandes cidades.
É exatamente esta tranquilidade que encanta os turistas, como o
estudante de farmácia Henrique Rodrigues, de 23 anos. “Algodoal é um local
muito lindo, uma ilha bem rústica. Como é tudo muito simples, todo mundo acaba
sendo igual: todo mundo fica hospedado nos mesmos hotéis, nos mesmos campings,
todo mundo anda junto, vai para as festas junto, ou seja, fica em condições
iguais. Lá não tem discriminação de classe, dinheiro, essas coisas”, conta.
Charretes
são o principal meio de transporte em Algodoal
Charretes são o principal meio de transporte em Algodoal
Além disso, Henrique conta que o contato com a natureza é muito forte, e as paisagens da ilha colaboram para que os visitantes desfrutem de dias muito relaxantes. “Em Algodoal a gente só anda descalço. Quem chega lá, sente que a ilha é um lugar para ficarmos livres, sem estresse, nem preocupações com violência, porque tudo lá é muito calmo”, afirma.
Nas areias das praias, é comum ver rodas de amigos, jovens que
se reúnem para conversar, tocar violão e fazer piqueniques na praia. “A gente
vai conversando, se divertindo, nem vê o tempo passar”, conta Henrique.
Núcleos "urbanos" e geografia
local diferenciam os territórios da ilha
Cada uma das quatro vilas que formam a ilha de Algodoal/Maiandeua tem um tipo diferente de atividade principal, e também fluxos variados de público. As vilas são separadas entre si por áreas de maguezais, e também por alguns pontos de canais de maré. Dentre elas, a mais desenvolvida para o turismo é Algodoal, que absorve o grande número de visitantes durante os períodos de alta temporada.
As vilas de Mocooca e Fortalezinha são mais próximas à Algodoal.
Mocooca é um núcleo transitório, em frente à Fortalezinha, por onde as pessoas
passam durante alguns passeios, ou até mesmo para conhecer um pouco melhor os
arredores da vila. Botos, garças e guarás são alguns animais da fauna local que
os visitantes podem encontrar em Mocooca. Já Fortalezinha é uma área com 7 km
de extensão, que vem crescendo em ritmo acelerado há cerca de 10 anos, e possui
uma estrutura básica para o turismo. A pesca esportiva é um dos atrativos desta
vila.
Mais afastada das demais, a vila de Camboinha não desenvolve
nenhum tipo de atividade exclusivamente voltada para o turismo. Do ponto de
vista de infraestrutura e economia, Camboinha é caracterizada como a vila mais
tradicional da ilha, com residências de nativos e a prática da atividade
pesqueira.
Ilha oferece opções de praias e passeios
para toda a família
Segundo a turismóloga da UFPA, Diana Alberto, a praia é um elemento muito significativo para as pessoas, e isso acaba atraindo muita gente. "Algodoal é procurada desde a década de 1970. Como a praia é um local diferente, traz uma característica subjetiva de paz interior, uma paisagem que se destaca, além de ser uma ilha muito bonita. Assim, as belezas e a cultura local acabam sendo um chamariz para as pessoas”, afirma.
A ilha abriga algumas das
praias mais bonitas do país, como a Praia da Princesa, que já foi eleita por
uma publicação norte-americana como uma das 10 praias mais interessantes do
Brasil. São quase 14 km de areias brancas, que podem ser apreciados durante o
trajeto da vila de Algodoal até a praia, numa caminhada que dura
aproximadamente uma hora e meia, ou ainda, para quem quiser chegar mais rápido,
durante um passeio de charrete. Nos feriados prolongados e nos meses de janeiro
e julho, considerados como alta temporada para o turismo, vários bares se
instalam nas areias da praia, para oferecer aos visitantes refeições como o
peixe frito e a caldeirada, típicos do Pará.
Assim que chegam a Algodoal, os visitantes descem na Praia da
Beira, onde aportam os barcos que vem de Marudá para a ilha. Lá não há
infraestrutura de bares e restaurantes, e, assim como a praia da Caixa d’Água,
durante a maré baixa o banho não é recomendado.
A Enseada do Costeiro é considerada a praia mais perigosa de
Algodoal, devido aos registros da presença de tubarões na área. Quem não quiser
se arriscar a encontrar um deles, pode conhecer o local através de um passeio
de barco, e até mesmo fazer um piquenique na areia.
Um passeio imperdível para os visitantes de Algodoal é ir até o Lago da Princesa, rodeado por cajueiros e ajurus. Para chegar até lá, há duas trilhas, uma mais plana, normalmente mais utilizada pelos turistas, e outra mais íngreme, através das dunas. Os próprios nativos da ilha são os guias turísticos dos visitantes, e para encontrá-los não é muito difícil: basta ir a alguma das praias da ilha e perguntar por eles nos bares e restaurantes.
Um passeio imperdível para os visitantes de Algodoal é ir até o Lago da Princesa, rodeado por cajueiros e ajurus. Para chegar até lá, há duas trilhas, uma mais plana, normalmente mais utilizada pelos turistas, e outra mais íngreme, através das dunas. Os próprios nativos da ilha são os guias turísticos dos visitantes, e para encontrá-los não é muito difícil: basta ir a alguma das praias da ilha e perguntar por eles nos bares e restaurantes.
É possível também visitar a Ilha do Marco, onde já funcionou uma
fábrica de vidro e um engenho de cachaça. Para chegar até lá, é só pegar um
barco, acompanhado por um guia local, e atravessar o furo da Mocooca. A viagem
de ida leva em torno de duas horas, e passa em frente à vila de Fortalezinha.
Nas praias da Ilha do Marco é possível ver botos, garças e guarás.
Conhecer a praia da Pedra Chorona é outra opção para os
visitantes. A Pedra faz parte do folclore local. Por ver a água brotando da
pedra, os nativos mais antigos de Algodoal acreditavam que ela realmente estava
chorando, quando, na verdade, trata-se de um olho d'agua. O passeio até a Pedra
Chorona pode ser feito de barco a motor ou de carroça. De barco, os visitantes
levam 40 minutos para chegar. De carroça, a viagem de ida dura uma hora.
Os surfistas também encontram boas ondas Algodoal, especialmente na praia da Marieta, que tem aproximadamente 26 km de extensão. A viagem de ida até a praia leva cerca de duas horas, atravessando o furo da Mocooca, passando em frente à Fortalezinha e seguindo no oceano Atlântico em direção à praia.
Os surfistas também encontram boas ondas Algodoal, especialmente na praia da Marieta, que tem aproximadamente 26 km de extensão. A viagem de ida até a praia leva cerca de duas horas, atravessando o furo da Mocooca, passando em frente à Fortalezinha e seguindo no oceano Atlântico em direção à praia.
Para os mais aventureiros há a opção de passeio para a Praia da
Romana, que fica a três horas de Algodoal. As paisagens da praia são ainda mais
rústicas que as de Algodoal, com igarapés de água salgada e territórios quase
desertos.
Ritmos paraenses predominam nas festas em
Algodoal
Tradicionalmente, em Algodoal, os ritmos predominantes nas festas noturnas são o carimbó e o reggae. Mas o local também é palco de baladas de tecnobrega, MPB e pagode, geralmente realizadas na beira da praia, como um luau. Combinados com as belas paisagens da ilha, as festas atraem muitos jovens, que, sem hora para voltar para casa, curtem a programação até o amanhecer do dia seguinte.
preferidos pelos visitantes da ilha
Um dos
lugares mais tradicionais da ilha é o Bar da Pedra, que fica na praia da
Princesa, e funciona em todos os turnos, sendo restaurante e bar para os
veranistas que curtem a praia de manhã, e local de badalação para quem vai em
busca das festas na ilha. Muita gente gosta de ir até lá não só pelo agito, mas
também para apreciar a natureza. “Ver o por do sol de lá é incrível, recomendo
muito”, comenta a produtora cultural Naiana Gaby.
Para quem gosta de música ao vivo, na vila de Algodoal ficam os
bares Boiador e Lua Cheia. A programação é definida durante a semana, mas
geralmente por lá são apresentados com shows de carimbó e bandas de reggae.
No Raízes do Mangue, outra opção para os visitantes, acontecem
festas de música eletrônica, num estilo mais alternativo, diferente da maioria
dos estabelecimentos locais, que privilegiam outros ritmos.
Marudá
Distrito de Marapanim, na Vila de Marudanópolis fica a Praia de Marudá, que apesar de relativamente pequena - são 1200 metros de extensão - é muito bonita, e bastante frequentada por turistas - na ida ou na volta de Algodoal.
A praia tem a melhor infraestrutura turística da região, com
energia elétrica 24 horas, posto de saúde, correios e farmácia. Recentemente
foi inaugurada a nova orla da praia, com melhores condições para abrigar os
bares e restaurantes que funcionam na área.
Como Marapanim é o berço do carimbó, os visitantes de Marudá
também podem aproveitar a noite na cidade para curtir shows deste ritmo
paraense, trilha sonora ideal para um verão inesquecível na orla do estado do
Pará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário