Preço da gasolina pode subir ainda este ano, diz governo
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu na
sexta-feira que o preço da gasolina pode subir ainda este ano. Desta vez, o
reajuste será sentido pelo consumidor. "Nós podemos, creio eu, imaginar
que ainda este ano possa haver uma revisão desses preços de combustíveis já na
bomba", disse o ministro em entrevista à Globo News.
No mês passado, a Petrobras conseguiu reajustar o preço
da gasolina em 7,8%, mas o aumento não teve impacto no preço cobrado nas
bombas, porque o governo resolveu zerar a alíquota da Cide, um imposto que
incide sobre os combustíveis.
Sem a possibilidade de amenizar reajustes dos preços dos
combustíveis nas refinarias, qualquer aumento concedido pelo governo será,
agora, sentido pelo consumidor. Lobão não disse de quanto será o reajuste.
Nesta sexta, as ações da Petrobras fecharam em alta de
mais de 5,0%, puxando o Ibovespa para uma valorização de 1,7%, numa reação ao
reajuste de 6,0% no preço do diesel anunciado na noite de quinta-feira.
Surpresos, investidores festejaram não apenas o segundo
aumento em três semanas no combustível mais vendido pela empresa, mas também o
fato de a presidente da companhia, Graça Foster, ter conseguido barganhar a
alta, apesar do impacto para o consumidor. "Sem dúvida, garante uma maior
credibilidade para Graça Foster que, depois de sofrer bastante pressão nas
últimas conversas com investidores, conseguiu negociar o aumento com o
governo", diz o relatório dos analistas Emerson Leite e Andre Sobreira, do
Credit Suisse.
Inflação
Já os economistas fizeram as contas sobre o impacto na
inflação e chegaram à conclusão de que o diesel tem peso pequeno no cálculo do
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a implicação indireta
que o aumento acarretará para a cadeia dos preços dos produtos nos próximos
meses tende a ser pouco perceptível. O impacto do reajuste no preço do diesel
nas refinarias será praticamente nulo na inflação ao consumidor, mas atingirá o
atacado, avaliou Luis Otávio de Souza Leal, do banco ABC Brasil. Pelos cálculos
do banco, o efeito nos índices gerais de preços será de 0,10 ponto porcentual.
Caixa
O impacto anualizado dos dois reajustes de diesel e
gasolina concedidos na gestão Graça poderiam somar R$ 8 bilhões para o caixa da
empresa. Os cálculos variam, pois a Petrobras não divulga a distribuição da
receita por produto. Para o Credit, apenas o reajuste de quinta-feira à noite
pode ter impacto de R$ 3,9 bilhões. Para o Deutsche Bank, o impacto na geração
de caixa até o fim deste ano seria de cerca de US$ 485 milhões, ou pouco menos
de R$ 1 bilhão. A Concórdia prevê que o efeito anualizado será de R$ 3 bilhões.
O mercado considera que novos esforços para avaliar o caixa da empresa são
fundamentais, diante do crescimento do consumo e da necessidade cada vez maior
da Petrobras de importar combustíveis a preços mais caros no mercado
internacional para abastecer o mercado. As informações são do jornal O Estado
de S. Paulo .
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