Trabalhador rural guarda 'fortuna' desvalorizada em casa no ES
Durante anos, ele
e a ex-mulher escondiam dinheiro dentro dos colchões.
A moeda mudou em 1994, mas ele diz que não ficou sabendo.
A moeda mudou em 1994, mas ele diz que não ficou sabendo.

Valdomiro Gonçalves é um trabalhador rural de 77 anos que possui um
tesouro que não tem mais nenhum valor. Durante anos, ele e a ex-mulher, que já
faleceu, escondiam dinheiro dentro dos colchões, armários e gavetas da casa
onde moravam, em uma fazenda em Conceição do Castelo, na região Sudoeste
Serrana do Espírito Santo. A moeda mudou em 1994, mas por falta de
informação eles não ficaram sabendo e perderam todo o dinheiro que tinham. Até
hoje, Valdomiro encontra as notas de cruzeiro e cruzado em algum canto da casa.
O economista Laudeir Frauches explica que guardar dinheiro assim é um grande
erro e todo indivíduo tem a obrigação de fazer algum tipo de aplicação.
De acordo com o economista, especialista em finanças pessoais, essa
mania de guardar dinheiro em casa começou no governo de Fernando Collor de
Mello, na década de 90. O plano de recuperação da economia confiscava a
poupança dos brasileiros. Por esse motivo, o casal ficou receoso em voltar à
investir na caderneta de poupança e resolveram juntar tudo em casa.
“Eu não quis mais colocar o dinheiro no banco e guardei em casa mesmo. A
minha ex-mulher colocava dinheiro em baixo das coisas, das gavetas, nos
armários e dentro dos colchões. Certa vez, os vizinhos que sabiam que eu
guardava o dinheiro disseram que o que eu tinha estava perdido por que a moeda
estava desvalorizada e não valia mais nada. E eu não consegui passar o dinheiro
para frente”, contou Valdomiro.
Para Laudeir Frauches, guardar dinheiro em casa é um grande erro. “Todo
o indivíduo tem a obrigação de fazer aplicação. A pessoa não deve observar
quanto ela vai ganhar, mas sim quanto vai pagar pelo investimento. Quem pega
dinheiro e leva para o banco deve saber sobre as taxas de administração,
acompanhar nos jornais quanto está a inflação e estar ciente que o governo
também é sócio com o imposto de renda”, explicou.
O economista disse que a própria inflação devora o dinheiro e que a
pessoa pode aplicar em empresas para ter lucros, comprar ações para ter
dividendos, aplicar em um imóvel e alugá-lo. Frauches alerta que o dinheiro não
pode ficar parado, disse que o importante é saber ser um bom aplicador para
multiplicar o dinheiro para ter uma independência financeira na terceira idade
e uma aposentadoria tranquila.
“Em 18
anos de plano real, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) tivemos mais de 300% de inflação. Atualmente os juros reais caíram
mais do que nunca, e os o indivíduos precisam conhecer as opções financeiras e
saber que vão correr riscos”, alertou.
Depois de perder todo o dinheiro, o agricultor disse que
aprendeu a lição. “Esse dinheiro que eu perdi tudinho, dava para comprar uma
fazenda de mais ou menos 500 alqueires de terra. Isso eu nunca mais faço, de
ficar prendendo dinheiro em casa. Dinheiro é para gastar”.
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