Criminoso nazista mais procurado do mundo é
preso na Hungria

Laszlo Csatary, 97 anos, é acusado de cumplicidade na morte de 15.700 judeus durante a Segunda Guerra Mundial
O criminoso de guerra nazista mais
procurado do mundo e localizado pelo centro Wiesenthal, o húngaro Laszlo
Csatary, 97 anos, foi detido nesta quarta-feira em Budapeste, anunciou a
procuradoria da capital húngara. Csatary foi detido ao amanhecer pela polícia,
anunciou a procuradoria da capital húngara em um comunicado. A prisão foi
realizada em um terceiro apartamento do criminoso, cuja existência não era
conhecida pela imprensa, informou o procurador Tibor Ibolya em uma coletiva.
Csatary, cujo nome completo é Laszlo Csizsik-Csatary, foi interrogado
por um juiz com base em uma eventual acusação por "crimes de guerra",
indicou o procurador. Ele declarou ser inocente, segundo a promotoria.
"Ele nega ser culpado de crimes pelos quais é acusado", afirmou o
promotor Tibor Ibolya. "Um de seus argumentos em sua defesa é que ele
estava obedecendo ordens".
"Diante da gravidade dos incidentes, mas também pela necessidade de
respeitar a presunção de inocência e devido a sua idade, para velar por sua
saúde, o juiz pode, em um primeiro momento, autorizá-lo a ir para casa. Nesse
caso, a polícia confiscaria seu passaporte", acrescentou.
Laszlo Csatary era o chefe de polícia do gueto judeu da cidade eslovaca
de Kosice, no qual 15,7 mil judeus foram assassinados ou levados ao campo de
extermínio de Auschwitz, na Polônia, durante a ocupação pela Alemanha nazista
deste país que era até então a Tchecoslováquia.
Laszlo Csatary vivia tranquilamente em Budapeste há 17 anos, sob sua
verdadeira identidade e apesar das informações sobre seus antecedentes terem
sido transmitidas à justiça húngara há mais de dez meses pelo Centro Simon
Wiesenthal, baseado em Jerusalém. Segundo os documentos de arquivo deste
centro, Csatary tratou cruelmente os judeus do gueto, espancando as mulheres e
obrigando-as a cavar trincheiras com as mãos.
Antes de regressar a Budapeste, Csatary, condenado à morte à revelia em
1948 pela Tchecoslováquia, refugiou-se no Canadá, em Montreal e Toronto, onde
viveu com uma identidade falsa. Em 1995, as autoridades canadenses descobriram
a sua verdadeira identidade, mas o homem em questão já havia fugido para a
Hungria. Antes de sua fuga, havia reconhecido perante os investigadores
canadenses sua participação na deportação de judeus, embora tenha informado que
seu papel era limitado.
Em abril, o Centro Simon Wiesenthal, nome do famoso caçador de nazistas,
um judeu austríaco que morreu em 2005 e cujas investigações em todo o mundo
permitiram a descoberta de dezenas de criminosos nazistas, colocou Laszlo
Csatary no topo da sua lista de criminosos de guerra nazistas mais procurados
do mundo.
Alimentados por informações fornecidas pelo Centro, repórteres do jornal
britânico The Sun descobriram o
paradeiro do antigo chefe da polícia e conseguiram encontrá-lo. A revelação foi
feita na edição de domingo, dia 15 de julho, no site do jornal. Csatary havia
dito aos repórteres: "Eu não fiz nada, saiam daqui", antes de bater a
porta na cara deles. Desde então, Csatary não respondia.
Csatary é considerado o criminoso nazista "mais procurado"
porque atualmente há poucos foragidos e vivos. "Todos têm mais de 90
anos", indicou Serge Klarsfeld, presidente da Associação de Filhos e
Filhas de deportados judeus da França, acrescentando que não estava certo sobre
se haveria "uma ação judicial com este governo conservador" do
primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.
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