Mulher de Cachoeira: ele não é bicheiro e
vai falar o que sabe
Andressa Mendonça chamou a atenção ao comparecer à CPI do Cachoeira, que investiga o marido
A mulher de Carlinhos
Cachoeira, Andressa Mendonça, negou, em entrevista, que o
marido seja contraventor e afirmou que ele vai falar tudo o que sabe "no
momento oportuno". Em maio, Cachoeira esteve na Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) mista que leva o seu nome, mas exerceu o direito de ficar
calado. "Ele disse para mim que tem muito o que falar, que ele quer
contribuir. E pediu para falar para o Brasil que ele tem o que dizer",
afirmou. "Meu marido não é bicheiro. O Carlos que eu conheço é empresário,
faz consultoria para empresas. Trabalhou durante anos, aproximadamente 10 anos,
com a loteria do Estado de Goiás. Trabalhou no ramo de medicamentos",
disse. Andressa, que roubou os olhares durante a ida do marido ao Congresso,
afirmou que o marido é um preso político. "Se não fosse preso político,
não teriam criado a CPI com o nome dele", justificou. Ela também culpou a
mídia por supostamente criar a imagem de que Cachoeira é um monstro. "Meu
marido não é um monstro, é um homem de bem."
Segundo Andressa, Cachoeira, preso desde
fevereiro, está deprimido e tomando medicamentos. Questionada sobre o motivo de
o marido gravar seus encontros com autoridades - como em 2004, quando um vídeo
no qual Waldomiro Diniz lhe pede propina deu origem ao escândalo do mensalão -,
ela respondeu que Cachoeira quer "mostrar a verdade" e talvez
"políticos que achacam empresários". "Meu marido não é
chantagista", afirmou. Andressa ainda negou ser gastadeira, apesar de gravações
indicarem que a conta de seu cartão de crédito em determinado mês chegou a R$
62 mil, com gastos em Miami, nos Estados Unidos. "Pode ter acontecido,
sim. Porque eu estava comprando roupas de cama, algumas coisas para casa",
afirmou, se referindo ao imóvel que pertenceu ao governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), no qual Cachoeira foi preso. Segundo o arquiteto contratado
pelo casal, eles gastaram R$ 550 mil na decoração. Andressa disse que a casa
seria a residência provisória e que já saiu do imóvel, levando consigo a
mobília adquirida.
Carlinhos
Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a
investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata
Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo
telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos
dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o
grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles
Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em
despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre
reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento
da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol
representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29
de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski
autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino
Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um
processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte,
pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias
só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e
empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a
construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos
três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de
um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de
Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal,
e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI
mista do Cachoeira.
No dia 25 de junho, o Conselho de Ética e
Decoro Parlamentar do Senado aprovou a cassação de Demóstenes. Em decisão
unânime, por 15 votos a zero, o colegiado aprovou o relatório do senador
Humberto Costa (PT-PE), que recomendou a perda do mandato do senador. O parecer
do Conselho de Ética deverá ser examinado pela Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ) e, se aprovado, passará por nova votação no Senado,
que poderá definir a cassação definitiva de Demóstenes.
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