Abastecer o carro com álcool não é mais vantajoso na
maior parte do país
Uma pesquisa feita em mais
de 10 mil postos brasileiros constatou que abastecer o veículo com etanol só
compensa em São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
Abastecer
o carro com o álcool não é mais vantajoso em quase todo o país. O produto
perdeu competitividade por falta de investimentos, dizem os especialistas.
O mapa do cultivo da cana no Brasil mostra a concentração dos
canaviais no estado de São Paulo. E é justamente nele que o preço do etanol é o
mais baixo do país.
Uma pesquisa feita por uma empresa em mais de 10 mil postos em
todos os estados brasileiros constatou que abastecer o veículo com etanol só
compensa em três estados: São Paulo, Mato Grosso e Goiás. No resto do país a
diferença de preços entre a gasolina e o etanol é muito pequena.
Na Bahia, o preço médio da gasolina é R$ 2,76, enquanto o do
etanol é R$ 2,20. Em Alagoas os números são mais próximos ainda. Só em São
Paulo a diferença é bem maior. Mesmo assim o etanol não tem a preferência dos
motoristas.
“Eu costumo já parar e ir já pedindo a gasolina, é de praxe”,
diz um consumidor.
“Em algumas regiões costuma ser mais barato que a gasolina, mas
ainda não está compensando”, diz uma consumidora.
“Agora que o etanol ficou pouco competitivo a gente só abastece
com etanol por virtude, por causa das virtudes que o etanol tem. Não dá para
manter uma economia de um grande país funcionando na base de virtude. É preciso
que o preço seja competitivo”, diz José Goldemberg, professor do Instituto de
Energia da USP.
Para o professor da USP, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, o
programa de bioetanol brasileiro está em crise por causa das políticas
públicas. “Acontece que, desde 2007, o governo fixou o preço da gasolina e não
mudou mais. O governo brasileiro esta mantendo o preço da gasolina constante
para não influir na inflação, segundo as autoridades monetárias. E com isso
eles estão asfixiando o programa do etanol, que é de fato um dos melhores
programas de energia renovável do mundo”, explica o professor.
Para atender a demanda do mercado interno o Brasil passou a
importar combustíveis.
“Esse ano tem um cálculo que a gasolina que a Petrobras importa,
em relação ao preço que ela vende no mercado interno, já causou um prejuízo de
janeiro a junho de R$ 750 milhões”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro
Brasileiro de Infraestrutura e professor de Economia da UFRJ.
Na safra passada os produtores, importaram dos Estados Unidos
quase um bilhão e meio de litros de etanol.
“O problema é a falta de novos investimentos é a falta de novos
projetos, e a falta de uma definição clara de qual deve ser a participação do
etanol na matriz de combustíveis. Em 2020, 2021, o país quase que vai dobrar a
demanda por combustíveis. E quem vai definir qual é a melhor forma é o
governo”, afirma Antônio de Pádua Rodrigues, Presidente Interino da ÚNICA.
“O Brasil tem alguns desafios em relação à produção do etanol. O
primeiro deles é conseguir uma produção em longo prazo, que mantenha a
competitividade do etanol, é um programa prioritário do governo, o governo está
se reunindo periodicamente com os produtores e internamente entre diversos
ministérios para que a gente consiga manter o etanol como sendo um programa não
apenas para o Brasil, mas um programa para o atendimento ao mercado externo, quando
esse mercado aparecer”, explica Marco Antônio Martins Almeida, secretário de
Petróleo, Gás e Combustíveis Renováveis.
De
acordo com a União da Indústria de Cana de Açúcar, a produção de etanol
registrou queda de 33% nesta última safra, em comparação com o mesmo período do
ano passado.
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