Irmão decidirá se Demóstenes terá
licença-prêmio de R$ 200 mil
Um dia depois de ter sido cassado
pelo plenário do Senado, Demóstenes Torres reassumiu nesta quinta-feira suas
funções de procurador de Justiça no Ministério Público de Goiás. Com o retorno
ao cargo, o ex-senador poderá solicitar três licenças-prêmio, em um total de R$
200 mil, mais o salário de R$ 24,2 mil. Quem decidirá se ele receberá ou não as
licenças-prêmio será o seu irmão Benedito Torres, que ocupa o cargo de
procurador-geral de Justiça do Ministério Público Estadual de Goiás. As
informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo.
Demóstenes poderá solicitar a ajuda financeira
especial por meio da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE), um pagamento legal
em porções somadas ao salário, que podem variar de R$ 5 mil a R$ 10 mil ao mês.
Em sua rápida passagem pelo órgão, o senador cassado driblou a imprensa que o
aguardava na porta do prédio da instituição e não deu entrevistas. Ele estava
licenciado desde 1999, quando deixou o MP para ocupar o cargo de secretário de
Segurança Pública e Justiça de Goiás. Em 2002, foi eleito pela primeira vez
para uma vaga de senador pelo PFL (ex-DEM), e reeleito em 2010.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas
durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o
senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu
dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios
legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento
nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar
contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o
senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do
inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos
e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz
(PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram
envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio
de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando
Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior
recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de
cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11
de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco
abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado
pelo voto dos colegas na história do Senado.
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