Australiana obtém milhões de
dólares em indenização por talidomida
Lynette Rowe acompanhada de seus advogados deixa a Suprema Corte de Melbourne
Uma australiana nascida sem braços e sem pernas depois que,
durante a gravidez, sua mãe tomou talidomida, obteve vários milhões de dólares
após um acordo com o grupo Diageo, que comprou o remédio do distribuidor do
medicamento.
Lynette Rowe, de 50 anos, encabeça uma queixa coletiva em nome das
vítimas deste medicamento na Austrália e Nova Zelândia. O remédio contra
náuseas, produzido pelo grupo alemão Grunenthal, foi comercializado no mundo a
partir de 1956 até sua retirada do mercado, em 1961.
A autora da ação afirma que suas malformações físicas foram
causadas pela ingestão de talidomida durante a gravidez de sua mãe, em 1961.
O processo foi aberto contra o distribuidor inglês The Distillers
Company - que já não existe - e a Diageo, que assumiu seu controle.
The Distillers Company era um grupo de bebidas alcoólicas e
produtos farmacêuticos comprado pela Guinness, que se fundiu em 1997 com outros
grupos para formar o gigante britânico de bebidas alcoólicas Diageo.
Segundo os advogados de Rowe, os termos do acordo são
confidenciais, mas representam uma soma de vários milhões de dólares
australianos, ou seja, seu equivalente em dólares americanos.
"Será suficiente para garantir um nível muito bom de cuidados
para Lyn pelo resto de sua vida", indicou um dos advogados Peter Gordon,
que classificou o acordo de justo e consequente.
Lynette Rowe necessita de atendimento médico quase permanente
desde seu nascimento.
Diageo aceitou negociar com outros autores da ação neste caso. A
firma de advocacia de Peter Gordon afirmou ter sido contactada por mais de cem
pessoas e que dois casos parecidos avançam bem nas negociações.
O processo contra Grunenthal, que em várias ocasiões tentou fazer
fracassar a ação judicial, prossegue, e uma audiência está prevista para
outubro.
"A Grunenthal jamais fez testes médicos com o medicamento em
animais em estado de gestação ou acompanhou seus efeitos em mulheres grávidas,
assegurando aos médicos que o produto era totalmente seguro", afirmou
Michael Magazanik, outro advogado da demandante.
Em um comunicado, a Grunenthal disse lamentar "as
consequências da tragédia da talidomida", mas alega que agiu de maneira
responsável durante o desenvolvimento do medicamento e assegura que se
defenderá das ações judiciais.
A talidomida era usada como sedativo para as náuseas das grávidas.
Muito utilizada no mundo, teve efeitos terríveis nos embriões: calcula-se que
10.000 bebês nasceram com braços deformados ou sem braços, pernas, mãos ou pés.
Também causou graves malformações congênitas, entre as quais
anomalias no coração e rins.

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