Montadoras de veículos têm queda na
produção e demitem funcionários
O setor tem revisto as
previsões para baixo. O mercado automotivo tenta se recuperar aproveitando os
pacotes do governo. Mais de três mil trabalhadores foram demitidos e há
previsão de mais cortes.
Sinal de alerta no mercado de veículos. Apesar do aumento
das vendas nas concessionárias, a produção já diminuiu nas fábricas. Mais de
três mil trabalhadores foram demitidos e há previsão de mais cortes. O setor já
espera fechar o ano em queda.
O setor tem revisto as previsões para baixo.
O mercado automotivo tenta se recuperar aproveitando os pacotes do governo. Os
sindicatos tentam manter os empregos e as fábricas de caminhões e motos estão
quase caindo da corda bamba.
A vida de quem vende carro não chegou a ficar
fácil. Ainda é preciso ser bom de papo. “O que faz a diferença é o grande
vendedor, mesmo que você vá arrancar as vendas na hora mesmo da negociação”,
aponta um vendedor.
Mas o pacote do governo ajudou. Segundo a
Fenabrave, que representa as concessionárias, os carros ficaram de 8% a 10%
mais baratos, e a prestação do financiamento, 14% menor.
Com isso, o comércio engatou de novo: de 13 mil veículos vendidos por dia, em maio, pra 16 mil, em junho.
Com isso, o comércio engatou de novo: de 13 mil veículos vendidos por dia, em maio, pra 16 mil, em junho.
Os estoques das concessionárias diminuíram e
as montadoras começaram a retomar a produção normal, depois de uma freada. O
pacote, anunciado em maio, baixou o IPI - Imposto sobre Produtos
Industrializados - e o IOF - Imposto sobre Operações Financeiras.
Uma hora, o pacote do governo acaba - e a
data marcada, pelo menos por enquanto, é 31 de agosto. O custo para a indústria
volta a subir, a prestação para o consumidor aumenta de novo. Só que, agora,
com expectativas piores sobre a economia do país.
Em janeiro, a Federação das Concessionárias
acreditava que a economia do país cresceria 3,5% este ano. E a venda de
veículos, 5,8%. Em março, a entidade reviu a projeção para baixo: 3% para o
Brasil, 3,4% para o setor. Agora, acompanhando o movimento do mercado, a
Fenabrave espera só 2% de expansão na economia. E, com IPI e tudo, não mais
aumento, e sim queda de 1,5% no comércio de veículos até o fim do ano.
“Não temos dúvidas que se não tivéssemos esse
pacote, nós teríamos um numero bastante menor em relação ao que está
acontecendo. Eu acho que não só o setor, mas a economia como um todo precisa de
medidas mais estruturantes e que mexam no problema central que torna o Brasil
hoje tão pouco competitivo quando comparado com outra economia europeia,
americana, japonesa, coreana. É o famoso custo Brasil que não está sendo
atacado”, afirma Flávio Meneguetti, presidente da Fenabrave.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
nos últimos meses, a indústria na região demitiu 3 mil dos 108 mil
trabalhadores que tinha.
“Houve uma perda, mas eu acho que frente ao
que estava sendo sinalizado, foi contido. O que nós tivemos nesse período todo
foi muita negociação das empresas, acordo de jornada flexível, banco de dias,
férias coletivas, para passar por esse vendaval e alguns programas de demissão
voluntaria, especialmente nas grandes empresas”, explica Rafael Marques,
vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
As vendas de carros até devem subir - um
pouquinho. O problema são os chamados "comerciais leves" - como
picapes, os caminhões e as motos. Na indústria de motocicletas, 10% dos
funcionários devem ser demitidos até o mês que vem. É que a grande maioria dos
compradores de moto é de pessoas de renda mais baixa, e, segundo a Associação
de Fabricantes, os bancos passaram a ser muito exigentes na liberação de
financiamentos.
“Atualmente 20% dos pedidos de financiamento
são aprovados pelos bancos. Então se conseguíssemos aprovar isso para 30%, 35%,
40% já seria um grande passo. Mas hoje esse rigor na oferta de crédito tem
dificultado a viabilização dos negócios”, explica José Eduardo Gonçalves,
diretor-executivo da Abraciclo.
O Custo Brasil, a que se referiu um dos
entrevistados, é um conjunto de problemas que atrapalham a vida dos brasileiros
e dificultam o crescimento do país. Esses problemas incluem alta carga de
impostos, juros extorsivos, burocracia, corrupção e falta de estrutura básica,
como estradas e portos em boas condições. São questões que vêm se arrastando há
décadas, sem solução.
 
 
 
 
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