quarta-feira, 18 de julho de 2012

DEMISSÕES NAS MONTADORAS


Montadoras de veículos têm queda na produção e demitem funcionários



O setor tem revisto as previsões para baixo. O mercado automotivo tenta se recuperar aproveitando os pacotes do governo. Mais de três mil trabalhadores foram demitidos e há previsão de mais cortes.


Sinal de alerta no mercado de veículos. Apesar do aumento das vendas nas concessionárias, a produção já diminuiu nas fábricas. Mais de três mil trabalhadores foram demitidos e há previsão de mais cortes. O setor já espera fechar o ano em queda.
O setor tem revisto as previsões para baixo. O mercado automotivo tenta se recuperar aproveitando os pacotes do governo. Os sindicatos tentam manter os empregos e as fábricas de caminhões e motos estão quase caindo da corda bamba.
A vida de quem vende carro não chegou a ficar fácil. Ainda é preciso ser bom de papo. “O que faz a diferença é o grande vendedor, mesmo que você vá arrancar as vendas na hora mesmo da negociação”, aponta um vendedor.
Mas o pacote do governo ajudou. Segundo a Fenabrave, que representa as concessionárias, os carros ficaram de 8% a 10% mais baratos, e a prestação do financiamento, 14% menor.
Com isso, o comércio engatou de novo: de 13 mil veículos vendidos por dia, em maio, pra 16 mil, em junho.
Os estoques das concessionárias diminuíram e as montadoras começaram a retomar a produção normal, depois de uma freada. O pacote, anunciado em maio, baixou o IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados - e o IOF - Imposto sobre Operações Financeiras.
Uma hora, o pacote do governo acaba - e a data marcada, pelo menos por enquanto, é 31 de agosto. O custo para a indústria volta a subir, a prestação para o consumidor aumenta de novo. Só que, agora, com expectativas piores sobre a economia do país.
Em janeiro, a Federação das Concessionárias acreditava que a economia do país cresceria 3,5% este ano. E a venda de veículos, 5,8%. Em março, a entidade reviu a projeção para baixo: 3% para o Brasil, 3,4% para o setor. Agora, acompanhando o movimento do mercado, a Fenabrave espera só 2% de expansão na economia. E, com IPI e tudo, não mais aumento, e sim queda de 1,5% no comércio de veículos até o fim do ano.
“Não temos dúvidas que se não tivéssemos esse pacote, nós teríamos um numero bastante menor em relação ao que está acontecendo. Eu acho que não só o setor, mas a economia como um todo precisa de medidas mais estruturantes e que mexam no problema central que torna o Brasil hoje tão pouco competitivo quando comparado com outra economia europeia, americana, japonesa, coreana. É o famoso custo Brasil que não está sendo atacado”, afirma Flávio Meneguetti, presidente da Fenabrave.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nos últimos meses, a indústria na região demitiu 3 mil dos 108 mil trabalhadores que tinha.
“Houve uma perda, mas eu acho que frente ao que estava sendo sinalizado, foi contido. O que nós tivemos nesse período todo foi muita negociação das empresas, acordo de jornada flexível, banco de dias, férias coletivas, para passar por esse vendaval e alguns programas de demissão voluntaria, especialmente nas grandes empresas”, explica Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
As vendas de carros até devem subir - um pouquinho. O problema são os chamados "comerciais leves" - como picapes, os caminhões e as motos. Na indústria de motocicletas, 10% dos funcionários devem ser demitidos até o mês que vem. É que a grande maioria dos compradores de moto é de pessoas de renda mais baixa, e, segundo a Associação de Fabricantes, os bancos passaram a ser muito exigentes na liberação de financiamentos.
“Atualmente 20% dos pedidos de financiamento são aprovados pelos bancos. Então se conseguíssemos aprovar isso para 30%, 35%, 40% já seria um grande passo. Mas hoje esse rigor na oferta de crédito tem dificultado a viabilização dos negócios”, explica José Eduardo Gonçalves, diretor-executivo da Abraciclo.
O Custo Brasil, a que se referiu um dos entrevistados, é um conjunto de problemas que atrapalham a vida dos brasileiros e dificultam o crescimento do país. Esses problemas incluem alta carga de impostos, juros extorsivos, burocracia, corrupção e falta de estrutura básica, como estradas e portos em boas condições. São questões que vêm se arrastando há décadas, sem solução.
 




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